Com a pesquisa, universidades tentam propor soluções para problemas que afligem sociedade e que tragam inovação; investimento é alto e deve ser contínio
Universidade do Sagrado Coração (USC)
Caminhar de mãos dadas com a pesquisa. Para José Jobson de Andrade Arruda, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Sagrado Coração (USC), este é o segredo para que uma universidade consiga sustentar e oferecer cursos de mestrado e doutorado de excelência.
Isto porque, de acordo com ele, é por meio da produção de ciência que as universidades alcançam o fomento necessário para estruturar os laboratórios e adquirir insumos para as atividades características dos cursos stricto sensu.
"Por meio de verbas exclusivamente próprias, a universidade não consegue manter cursos de mestrado e doutorado. As despesas são muitas e envolvem o pagamento de docentes qualificados, a disponibilização de laboratórios, equipamentos e insumos para pesquisa, que costumam ser muito caros", explica.
Em 2010, por exemplo, a USC teve 11 projetos de pesquisa aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o que totalizou auxílio de R$ 114.367,40.
Com o fomento, a universidade desenvolveu pesquisas voltadas para a área de odontologia e biologia oral, que abrangem saúde coletiva, cirurgia e implantologia. Dentre elas, existe uma considerada por professores e alunos da entidade como bastante ousada, desenvolvida pelo professor Spencer Payol, que estuda a aplicação de células-tronco em benefício do reparo ósseo.
O estudo, que já apresentou resultados positivos, foi financiado pela Fapesp e exigiu a aquisição de um dos equipamentos mais caros do laboratório da USC: um microscópio de alta precisão que custou o equivalente a R$ 88 mil.
"É um investimento alto, mas que traz retorno tanto para a universidade quanto para a sociedade. Por isso, a pesquisa precisa ser contínua. Quanto melhor a qualidade do estudo, mais fomento recebe, mais conhecimento é produzido e melhor a universidade é avaliada", detalha.
Atualmente, a USC mantém em seu quadro 14 professores-pesquisadores em tempo integral, além de 200 alunos inscritos nos cursos de mestrado e doutorado e 60 bolsas de iniciação científica concedida a alunos da graduação.
Centro Universitário de Bauru (ITE)
Quando o assunto é produção de ciência, geralmente, a primeira imagem que vem à mente de pessoas que não estão diretamente envolvidas com o tema é a de intelectuais trajando jalecos brancos, confinados em laboratórios e manipulando equipamentos de alta precisão em busca das mais diversas soluções para os problemas que afligem o mundo.
Porém, nem sempre é assim. Pouca gente sabe, mas a pesquisa científica não se restringe apenas a experimentos executados em laboratórios. Pelo contrário, pode ser feita por meio de livros, vivência e até mesmo com a troca de experiências internacionais.
No Centro Universitário de Bauru (CUB), mantido pela Instituição Toledo de Ensino (ITE), é assim. De acordo Soraya Gasparetto Lunardi, coordenadora do núcleo de pesquisa da universidade, um estudo não se caracteriza pela forma como é realizado, mas, sim, por seu objetivo, que deve ser melhorar a vida das pessoas.
"A ideia é enxergar um problema e propor soluções em benefício da sociedade e isto independe do estudo ser realizado na área de humanas, exatas ou biológicas", explica.
O CUB produz pesquisas relacionadas ao direito, ciências aeronáuticas, serviço social, administração e ciências contábeis, a maioria com enfoque na inclusão social e em benefício de portadores de necessidades especiais, homossexuais, pessoas sem moradia, entre outros.
Entre os projetos que alcançaram destaque no cenário nacional, Soraya aponta a criação de um gibi direcionado a crianças e adolescentes sobre os direitos do consumidor, realizada por uma aluna e que se tornou projeto de lei, e pesquisas no campo do serviço social, que permitem mapeamento na cidade e criação de auxílios por meio da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (Sebes).
"A principal dificuldade é conseguir apoio financeiro. Isto porque é preciso concorrer com outros projetos de outras universidades e nem sempre a área de humanas tem o argumento mais interessante", lamenta.
Universidade de São Paulo (USP)
Desde quando foi criada, a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), mantida pela Universidade de São Paulo (USP), tem como um de seus objetivos principais a produção de conhecimento científico, ao lado do ensino e do atendimento à comunidade.
Objetivo que pode ser traduzido em números e que se torna aparente nos corredores e laboratórios da universidade. No total, envolvidos em pesquisa, estão 150 alunos de mestrado, divididos entre odontologia e fonoaudiologia, 114 estudantes de doutorado em odontologia e 117 professores-pesquisadores.
Em estrutura física, a FOB tem disponível para pesquisa oito laboratórios, sendo que dois deles ganham destaque - o de microscopia eletrônica e o Centro Integrado de Pesquisa e Biomateriais, que abrigam equipamentos com valor individual de até R$ 1 milhão.
"Atualmente, sem contar as pesquisas feitas por alunos de mestrado e doutorado, temos cerca de 100 pesquisas em andamento. As principais linhas são relacionadas às doenças bucais, cárie dental, erosão dentária, aplicação de células-tronco na odontologia e dor bucal", enumera José Carlos Pereira, diretor da FOB.
Para manter os trabalhos, a FOB recebeu em 2009 R$ 2.483.000,00 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e R$ 5.292.000,00 em recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, segundo dados apresentados pela Fundação da Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em 2010 R$ 3.709.782,32 foram destinados pela instituição à FOB.
Para manter a tradição de referência em pesquisa, a FOB investe em programas de iniciação científica e tecnológica para alunos de graduação e ensino médio. O objetivo é despertar no aluno o interesse no aprendizado por meio da pesquisa em situações práticas.
"Temos 41 alunos de iniciação científica e quatro de iniciação tecnológica. Já na pré-iniciação científica, destinada ao ensino médio, em 2010 tivemos 42 participantes. Nossa preocupação é trabalhar pesquisas que, além de serem descobertas, representem inovação", justifica Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, vice-diretora da FOB.
Faculdade de Ciências (FC) - Unesp
Estudos de polímeros conjugados para dosimetria de radiação ionizante; influência de praguicida diclorvós sobre a resposta macrofágica de camundongos portadores e tumor sólido de Ehrlich; inteligência artificial aplicada na identificação e classificação de harmônicos em redes de distribuição de energia elétrica.
Ao ler as linhas acima, a maior parte dos leitores certamente não reconhecerá de que se trata o conteúdo do parágrafo e ainda terá dificuldades para entender algumas das palavras ali citadas. Porém, para parte dos professores e alunos da Faculdade de Ciências (FC) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) do câmpus de Bauru, tais termos fazem todo sentido: são os títulos de três das muitas pesquisas desenvolvidas na instituição que visam, de alguma forma, melhorar e tornar mais prática a vida das pessoas.
Ao todo, 167 professores, 204 alunos de mestrado e 131 estudantes de doutorado participam da produção de ciência do câmpus local da Unesp, que na FC conta ainda com 46 laboratórios e um biotério.
"A Faculdade de Ciências tem uma grande variedade de linhas de pesquisa que, muitas vezes, não se restringe somente à área de ciências, mas também se correlacionam com temas pesquisados pela Faculdade de Engenharia (FE) e pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação", explica Olavo Speranza Arruda, diretor da FC.
De acordo com dados do Fundo de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), em 2010, a FC conseguiu a aprovação de 232 projetos e recebeu R$ 3.709.782,32 como fomento para a realização das pesquisas propostas.
Além disso, a faculdade foi escolhida para abrigar a sede do núcleo de nanotecnologia da Unesp, que está sendo instalada em um moderno prédio de três andares e que recebeu aporte financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
"A vinda da sede deste núcleo para Bauru está diretamente ligada ao fato da cidade ser a sede do programa de pós-graduação em ciência e tecnologia de materiais da Unesp, que tem como proposta unir competências e promover a integração das pesquisas e desenvolvimento tecnológico dentro da Unesp, em parceria com outras universidades e com o setor produtivo", explica Paulo Noronha, coordenador da programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais.
Faculdade de Engenharia (FE) - Unesp
Em Bauru, enquanto a rotina da cidade acontece naturalmente, 69 professores e 269 alunos dos cursos de mestrado da Faculdade de Engenharia (FE) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) quebram a cabeça para encontrar soluções inteligentes para problemas do cotidiano.
Entre as linhas de pesquisa, estão projetos para o uso do bambu, o consórcio municipal de tratamento de resíduos sólidos, a cogeração de energia, propostas de gestão ambiental, entre outros.
"O desenvolvimento de uma universidade está baseado no tripé ensino, pesquisa e extensão. Portanto a pesquisa é de fundamental importância para o aprimoramento da qualidade de ensino, da extensão dentro da universidade e para o desenvolvimento do País. É uma forma de dar retorno à sociedade que nos financia", avalia Jair Manfrinato, diretor da FEB.
Mas nem sempre este caminho acontece de forma natural. De acordo com o diretor, reverter o estudo em produto disponível no mercado é uma das principais dificuldades a ser enfrentada por quem trabalha com pesquisa.
Ainda assim, tendo em vista a possibilidade de dar sua contribuição para uma sociedade melhor, os apaixonados por produção científica não desanimam. Em 2010, por exemplo, a FE desenvolveu 332 projetos de pesquisa e 39 de iniciação científica e recebeu R$ 630.526,95 de auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) - Unesp
Quando o assunto é criação e inovação, a Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Unesp de Bauru, ganha destaque. Isto porque ela sedia os cursos de graduação em arquitetura, design, educação artística, jornalismo, radialismo e relações públicas, além dos 186 alunos de mestrado em comunicação midiática, design, televisão digital e doutorado em design.
Mas diferente das faculdades de ciências e engenharia, a maior parte das pesquisas não é desenvolvida em laboratórios, mas sim em campo e de forma teórica.
"Apesar da Faac ter 25 laboratórios, é importante destacar que as pesquisas não se reduzem a laboratórios, assim como laboratórios não são apenas salas fechadas com equipamentos", define Roberto Deganuti, diretor da Faac.
De acordo com ele, uma das missões da universidade é fomentar, gerar e difundir conhecimento, contribuindo para a superação da desigualdade e para o exercício pleno da cidadania e, para isso, a pesquisa é fundamental.
"A Faac tem 101 docentes pesquisadores. Profissionais qualificados são essenciais, pois a pesquisa é um dos pilares da universidade pública, de grande importância para o crescimento e desenvolvimento do país e no cenário internacional", conclui.
Em 2010 a Faac recebeu da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) R$ 391.629,09 para execução de 70 projetos.