Ao visitar a USP no dia 16 de junho, o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, reiterou sua disposição em descentralizar a produção da ciência e tecnologia no Brasil. Acompanhado pelo pró-reitor de Pesquisa da USP, professor Luiz Nunes de Oliveira, Amaral falou de seus planos quando percorria a Escola Politécnica, a primeira das unidades visitadas. "Queremos descentralizar o acesso e concentrar os talentos. Nisso a USP também foi pioneira, ao formar importantes centros de pesquisa fora de São Paulo, como os campi de Piracicaba, Ribeirão Preto, São Carlos, Bauru e Pirassununga", disse o ministro. "Isso significa um avanço em relação ao Rio de Janeiro, por exemplo, que só começou sua descentralização há cerca de dez anos, com um pequeno núcleo na cidade de Campos."
Trabalhar em rede nacional é uma das ambições do ministro. Isso porque ele acredita não ser possível ter centros de pesquisa superpostos, repetir linhas de pesquisa e reproduzir investimentos, muito menos laboratórios. "Com a descentralização e o trabalho em rede, contribuiremos para o aumento do desenvolvimento em ciência e tecnologia em todo o País", ressaltou. "Já estamos criando um Centro de Neurociência em Natal, em colaboração com a Universidade do Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde e o da Educação. Em Fortaleza, queremos formar um centro de estudo para a produção de fármacos, em parceria com a Universidade do Ceará e o governo do Estado. Também teremos o Centro de Tecnologia do Rio Grande do Sul, que vai trabalhar com microeletrônica."
A fim de que tudo isso ocorra de forma exemplar, acrescentou Amaral, está sendo desenvolvido pela Finep um estudo de viabilidade econômica e técnica para fomentar a criação de pequenas e médias empresas de base tecnológica. Também será realizado um mapeamento de todas as produções científicas e tecnológicas no País.
Na Poli, o ministro conheceu os projetos do Laboratório de Sistemas Integrados - coordenado pelo professor João Antonio Zuffo -, como a Caverna Digital e o tanque de provas numérico, que simula em realidade virtual plataformas petrolíferas no oceano. Esses são dois avançados equipamentos que auxiliam empresas. Segundo Amaral, sua visita é a primeira de "muitas outras", uma vez que o Ministério pretende manter uma parceria estreita com a Universidade para discutir linhas de pesquisa e cooperação, troca de informações e auxílio aos projetos. "Todos sabemos que a USP não foi apenas a raiz, mas também a semente das bases para a industrialização do País. O ministério está se esforçando para manter e, se possível, melhorar o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro." A visita do ministro - que estava acompanhado pelo secretário de Políticas e Programas de Pesquisa do Ministério, Gilberto Sá - contou com a participação do diretor em exercício da Escola Politécnica, professor Ivan Gilberto Sandoval Falleiros, e do presidente da Comissão de Pesquisa da Poli, Moacir Martucci.
À tarde, Roberto Amaral foi recebido no Instituto de Química da USP. No encontro, o diretor do instituto, professor Hernan Chaimovich, relatou o nascimento da unidade e como se deu, no final da década de 60, a integração entre a Química e a Bioquímica. Logo em seguida, entregou aos presentes o livro IQ/USP - 2001-2002. "Este instituto produz cerca de 100 pós-graduandos por ano, entre mestres e doutores, o que representa de 30% a 40% de toda a química que se faz no País. No instituto passam, por ano, 5.000 alunos, incluindo os de outras unidades. De 109 professores, 40 são da Bioquímica", disse Chaimovich. "Nós criamos uma ciência básica que tem impacto e relevância dentro da própria ciência. A partir da ciência que se criou aqui é que são criadas as empresas públicas e privadas na área." O ministro visitou o Laboratório de Biologia Celular e Molecular, coordenado pela professora Mari Sogayar. Depois foi ver o laboratório onde está sendo feito o isolamento de ilhotas do pâncreas para transplante em pacientes diabéticos.
Após a visita ao Instituto de Química, foi a vez de ir ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. O diretor do IAG, Jacques Raymond Daniel Lépine, explicou ao ministro os principais projetos do instituto, entre eles o Convection Rotation and Planetary, o Corot, em que é usada uma antena de rastreamento, em Natal (RN), para fazer a detecção e o estudo de oscilações estelares e a procura de planetas extra-solares. Programas adicionais envolvendo variabilidade fotométrica também serão realizados.
O fim da visita à Cidade Universitária se deu no Centro de Estudos do Genoma Humano, ligado ao Instituto de Biociências da USP e coordenado pela professora Mayana Zatz. O ministro percorreu os ambientes do centro, como salas de fisioterapia, consultórios, sala de preparação de biópsia e sala de biópsia.
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Jornal da USP