Ainda estamos sós. A recente descoberta de três planetas orbitando estrelas distantes deu novo ímpeto à busca científica de inteligência extraterrestre, conhecida como Seti entre seus devotos, mas ainda não foram detectados sinais claros.
Os líderes dos quatro mais importantes projetos Seti do mundo, todos sediados nos Estados Unidos, se encontraram, durante a conferência da Associação Americana para o Progresso da Ciência em Baltimore, recentemente a fim de analisar o progresso - ou sua falta. Todos os participantes declararam continuar acreditando que sua estratégia - pesquisar sistematicamente o céu em busca de sinais de microondas de rádio de civilizações alienígenas - eventualmente dará resultados.
Eles acreditam que u publicidade a respeito da descoberta de novos sistemas planetários atrairá fundos privados de financiamento de pesquisas para dar suporte à Seti.
O Congresso dos Estados Unidos cortou o financiamento público através da agência espacial Nasa em 1993, quando alguns políticos descreveram a busca científica de inteligência extraterrestre como pouco diferente das investigações não científicas de UFO e seqüestras por alienígenas.
De fato, disse o professor Lori Marino, da Emory University, um dos organizadores da conferência: "Seti utiliza métodos científicos. É tão diferente da pseudociência dos UFO quanto qualquer curso superior de física ou química".
Nenhum dos quatro grupos descobriu evidências claras de sinais inteligentes do espaço exterior, a despeito das seguidas alegações contrárias na imprensa. Centenas de estrelas, inclusive as acompanhadas por planetas, segundo descobertas recentes, foram examinadas sem sucesso.
"Ausência de evidência não é evidência de ausência de civilizações extraterrestres", observou o professor Dan Werthimer, chefe da pesquisa Serendip na Universidade da Califórnia, Berkeley. "Nossa civilização está apenas começando a desenvolver as técnicas, e nossa capacidade de pesquisa dobra a cada ano."
Talvez o sinal mais intrigante detectado até aqui tenha sido um registro feito pelo rádio telescópio da Universidade do Estado de Ohio em 1977. O sinal que ficou conhecido como "Wow" (algo como "Puxa!") - por causa da reação inicial dos cientistas ao mesmo -, foi uma irrupção "inacreditavelmente forte" de radiação de microonda numa banda extremamente estreita, disse o professor Robert Dixon, de Ohio.
Talvez o sinal "Wow" não tenha sido gerado por qualquer processo natural conhecido, mas infelizmente durou apenas um minuto e, a despeito de muitas pesquisas ao longo de anos na mesma freqüência, nunca mais foi ouvido.
O professor Dixon pretende tornar a analisar as gravações do sinal, com verba garantida pela Planetary Society, numa tentativa de resolver o mistério. Enquanto isso, sinais de rádio são transmitidos da Terra para o cosmos.
"Antigos programas de televisão, como 'I Love Lucy', foram transmitidos a uma distância de milhares de estrelas", disse o professor Werthimer. "Talvez algum dia interceptemos uma transmissão não intencional de outra civilização ou talvez até uma mensagem intencionalmente enviada a nós."
Notícia
Gazeta Mercantil