Segundo a cientista, três genes que provocam a rejeição são bem conhecidos. Desativando-os por meio da técnica de edição gênica conhecida como Crispr-Cas9, é possível fazer com que o sistema imunológico humano não rejeite os órgãos.
A expectativa dos pesquisadores é que o soro retirado do sangue desses porcos seja testado com sucesso em pessoas que estão na fila de transplante de rim, a fim de verificar a presença de anticorpos que possam rejeitar os órgãos suínos em humanos.
Vale dizer que o Brasil ocupa a segunda colocação em número absoluto de transplantes, atrás apenas dos Estados Unidos. No entanto, a fila de espera por órgãos ultrapassou 41 mil inscritos em 2016 em nosso país. O transplante de rim é o que apresenta a maior discrepância entre número de pacientes na fila de espera e procedimentos realizados: foram 5.592 transplantes para 24.914 inscritos. Em 2017, 1.716 pacientes morreram enquanto esperavam por um rim.
"Trata-se de desenvolver um produto de base biotecnológica nacional, cujo objetivo final será prover à população em fila de espera para transplantes uma alternativa terapêutica viável e definitiva, que pode encurtar o sofrimento do paciente e seus familiares", afirma Mayana Zatz à Fapesp.
Hoje, mesmo transplantes entre humanos exigem que o transplantado tome medicamentos imunossupressores, alguns para o resto da vida, a fim de combater a rejeição. No caso dos que precisam de transplante de rim, há ainda um custo elevado em hemodiálise daqueles que esperam por um novo órgão.
A fase inicial do projeto envolvendo xenotransplante tem duração prevista de três anos e prevê ainda compatibilizar aspectos éticos, religiosos e legais.
(com Agência Fapesp)
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Revista Encontro