Notícia

A Cidade On (Campinas, SP)

‘Eles sabiam de tudo o que eu fazia', diz ex-funcionária sobre desvio de verbas na Unicamp (163 notícias)

Publicado em 07 de maio de 2025

G1 LNG in Northern BC (Canadá) G1 EPTV CBN Notícias (Campinas, SP) UOL BOL Folha.com Jornal de Brasília online MSN (Brasil) Metrópoles EPTV Brasil em Folhas online MS Notícias TDT News Tribuna Norte Leste Jornal Floripa Blitz Paraíba Rodani FM Rede Mix Cidades Mato Grosso Total Rádio Litoral FM Aliados Brasil Oficial Os Libertários Blog do BG Blog de Currais Novos Jornal Floripa Revista Oeste online Pirapop Notícias mnegreiros.com Repórter PB Jornal Floripa THMais Vitória News Portal do Holanda Mais Goiás Portal do Holanda THMais Paraíba Online Notícias de Campinas Notícias de Campinas ND Mais Jornal Floripa Rádio Ararifm (Maranhão) Jornal Noroeste News Tocanteen Antena 10 FM Jornal Floripa Rodani FM Rádio Litoral FM Rede Mix Cidades São Paulo Jornal Tocanteen JTV - Jornal Terceira Visão Jornal de Itatiba online Blog do Mano AD Portal Saneamento Básico Rádio Ararifm (Maranhão) BandMulti Rádio Litoral FM Rodani FM Blog do Miro Rede Mix Cidades Carta Campinas Rádio Ararifm (Maranhão) Rádio Litoral FM Jornal Floripa Rede Mix Cidades Rodani FM São Paulo Jornal Rodani FM Rede Mix Cidades Rádio Ararifm (Maranhão) Rodani FM São Paulo Jornal Rádio Litoral FM Jornal Floripa Jornal Floripa Ministério Público do Estado de São Paulo Rápido no Ar Notícias de Campinas Jornal Floripa Rede Mix Cidades Rádio Litoral FM Jornal de Itatiba online Antena 10 FM Jornal Floripa Rede Mix Cidades Rodani FM Rádio Litoral FM Rede Mix Cidades Jornal Floripa São Paulo Jornal Rodani FM Portal VV8 SC Todo Dia Notícias de Campinas Beto Ribeiro Repórter JTV - Jornal Terceira Visão Rede Mix Cidades Notícias de Campinas Rodani FM Hora Campinas O Tempo Jornalismo Rádio Litoral FM Rodani FM Jornal Floripa São Paulo Jornal Rede Mix Cidades Tocanteen Portal do Holanda THMais Diário da Manhã (GO) online Sampi Vitória News O Liberal (Americana, SP) online Jornal Floripa Notícias de Campinas Hora Campinas Jornal Floripa Portal do Holanda Vitória News InfoNavWeb Notícias ao Minuto (Brasil) O Liberal (Americana, SP) online THMais Vero Notícias Cidade em Foco www.dailynerd.com.br Portal Caiçara portalternura.com.br

Foragida na Europa, Ligiane Marinho detalha como desviou verbas da FAPESP com suposta conivência de pesquisadores do IB

Em depoimento obtido com exclusividade pela EPTV, Ligiane Marinho de Ávila , ex-funcionária da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp) acusada de desviar mais de R$ 5 milhões de verbas públicas entre 2013 e 2024, deu detalhes de como funcionava o esquema de desvio de recursos destinados a pesquisas científicas no IB (Instituto de Biologia) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Demitida por justa causa e atualmente foragida da Justiça , Ligiane está na Europa e falou ao MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) por videoconferência. No depoimento, ela afirma que o esquema era de conhecimento dos próprios pesquisadores.

“Sempre precisei de documentação. Para mandar para a FAPESP para fazer a auditoria. Muitas vezes eles falavam ‘deposita 50 mil reais na minha conta', ‘deposita R$ 70 mil reais na minha conta'. E aí eles não voltavam a documentação pra mim”, afirmou. Ela completou: “Eu preciso casar isso na minha prestação de contas para mandar para… Eu criei de forma mais burra, foi burrice também”.

Notas frias

Segundo a investigação do MP, Ligiane criou uma empresa para emitir notas fiscais falsas e justificar gastos nas prestações de contas de projetos financiados com recursos da FAPESP. Nas fraudes registradas entre 2017 e 2024, há registros de 17 desvios que somam R$ 201 mil, e outros 55 desvios que ultrapassam R$ 560 mil.

A ex-funcionária afirma que emitia notas para “fechar as contas” quando não recebia os documentos dos pesquisadores.

“Ah… tá faltando 40 mil reais de determinado projeto. Vai fechar a prestação de contas… 20 mil vinham pra mim. De recibos, documentos faltantes, caçava nota fiscal e achava todas as despesas que ele tinha que ter me entregue. Aí faltava 20, ou era de aluno, ou tava faltando na documentação, eu emitia nota fiscal. No que eu emitia, eu jogava na prestação de contas. Mas eu nunca ocultei essas notas fiscais, porque eles assinavam e eu mandava para a FAPESP. Então eu nunca escondi como eu estava fazendo”,

Acesso a cartões

A ex-funcionária relatou também que tinha acesso a cartões e senhas dos pesquisadores, utilizados para movimentar os valores repassados pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

“Cada pesquisador tem um cartão de crédito, ele desbloqueava no Banco do Brasil e me entregava. Os que não me dava a senha, iam até minha mesa pra fazer os pagamentos”, contou. “Não tem como uma pessoa que assina e tem as informações no sistema falar que não sabe.”

Segundo documento interno do IB da Unicamp, cabia aos funcionários da Funcamp auxiliar os pesquisadores com arquivos, documentos e inclusive manuseio dos cartões BB Pesquisa. A FAPESP, porém, afirma que os cartões são intransferíveis.

Pesquisadores processados

Pelo menos 34 pesquisadores do IB foram processados pela FAPESP , que pede a devolução dos valores desviados aos cofres públicos. A defesa dos cientistas sustenta que foram eles os responsáveis por alertar as autoridades sobre as irregularidades – leia mais abaixo.

Ligiane, por sua vez, contesta a forma como o caso está sendo apresentado.

“Esses valores que eles falam que eu desviei, realmente foram para minha conta. Só que tudo que eu paguei deles? Mas do jeito que estão falando parece que eu não paguei nada deles. Sei lá, pegou 5 milhões, 6 milhões… cara, e a quantidade de coisa que eu paguei deles? Eles não estão olhando isso?”

A ex-funcionária também relatou que enfrentava pressão para resolver a falta de documentos necessários.

“Eles só falavam pra mim, dá seu jeito, dá seu jeito. Ninguém queria me ajudar a resolver o problema do que eu não tinha de documento. Eu sempre tentava resolver. Mas quando eu tentava resolver, ninguém queria saber como.”

Onde foi parar o dinheiro desviado na Unicamp?

Em seu depoimento, Ligiane não especifica o destino dos recursos desviados, mas nega ter enriquecido.

“Pessoa que tem 5 milhões, 6 milhões na conta, tem um apartamento Minha Casa Minha Vida, de frente para a favela do Oziel, único bem que eu tenho. Minha conta, no final do ano, tinha 12 mil reais.”

Ela conclui dizendo que os pesquisadores tinham pleno conhecimento do funcionamento do esquema.

“Eles sabiam que eu sei muita coisa, eles sabiam tudo que eu fiz, eles sabem, eles sabiam tudo que passou pela minha conta, tudo que eu paguei. Era manutenção de carro, dava problema, pagava. Não era ruim pra mim, era muito cômodo pra mim. Tipo, eu precisava de um dia a mais das minhas férias, nunca teve problema, eles sempre me ajudaram porque eu sempre ajudei eles.”

Em relação à forma como a situação está sendo retratada, Ligiane se mostrou indignada:

“Do jeito que tão falando, parece que eu tô nadando no dinheiro e afins… parece que eu saí com 5 milhões debaixo do meu braço. Ou na minha conta e não foi nada disso.”

O que aconteceu na Unicamp?

Uma auditoria da FAPESP identificou o desvio de pelo menos R$ 5,3 milhões em recursos públicos que deveriam ter sido aplicados em pesquisas científicas no IB da Unicamp, entre os anos de 2013 e 2024.

O valor consta no relatório final da investigação interna, que levou a fundação a ingressar com 34 ações judiciais contra os pesquisadores responsáveis pelas contas dos projetos afetados.

Ex-funcionária é principal investigada

A principal investigada é Ligiane Marinho de Ávila, que atuava como gestora financeira de pesquisas na Funcamp. Ela viajou para a Europa em fevereiro do ano passado e não retornou ao Brasil; sua prisão foi solicitada em agosto do ano passado.

O parecer revela que Ligiane tinha acesso direto às contas bancárias dos pesquisadores por meio de senhas e dados biométricos fornecidos por eles próprios. A promotoria fala em “aparente negligência em relação às verbas de fomento/financiamento” e relata uma série de conversas entre a servidora e docentes que indicam manipulação de documentos para justificar gastos fictícios ou irregulares junto à FAPESP.

O MP também menciona indícios de manipulação de orçamentos e fornecedores, além de “aparentes tratativas para manipulação de documentos visando a prestação de contas perante a FAPESP”.

De acordo com auditoria da FAPESP, a maior parte dos desvios — cerca de R$ 5,07 milhões — teria sido movimentada por Ligiane. A investigação aponta que a ex-funcionária realizou aproximadamente 220 transferências bancárias, das quais cerca de 160 foram diretamente para sua conta pessoal. Empresas ligadas a ela e outras três pessoas jurídicas também teriam sido utilizadas para ocultar o esquema.

Unicamp arquivou sindicância

Apesar dos indícios, a Unicamp arquivou a sindicância instaurada em janeiro de 2024, sob o argumento de que os prejuízos financeiros estariam sendo suportados pelos próprios docentes. O MPSP, no entanto, manteve a apuração e solicitou à universidade a abertura de uma nova sindicância – o que não aconteceu.

No novo parecer, o Ministério Público reforça a necessidade de apuração interna e afirma que a omissão da Unicamp pode configurar irregularidades administrativas e até criminais.

Professores da Unicamp processados pela FAPESP se declaram vítimas

A defesa dos 34 professores da Unicamp processados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo por supostos desvios de recursos públicos afirma que os docentes foram os primeiros a identificar e comunicar as irregularidades às autoridades. Segundo a advogada Camilla Cândido, os pesquisadores notificaram a própria FAPESP, a Unicamp, a Funcamp e também protocolaram pedido de abertura de inquérito criminal na Polícia Civil.

“Assim que perceberam os desvios, os professores tomaram as providências cabíveis. Frente à negativa da FAPESP em responsabilizar a autora das fraudes, mas sim os pesquisadores, ajuizamos ações para a proteção das pesquisas e dos docentes”,

O que diz a Funcamp?

Em nota, a Funcamp informou que “colabora integralmente com todas as autoridades competentes nas apurações em andamento”.

“A Fundação reitera seu compromisso inegociável com a ética, a integridade e a gestão responsável dos recursos públicos”,

O que diz a Unicamp?

Em nota, a Unicamp disse que ainda não teve acesso às páginas do processo citadas pelo promotor, que mencionam detalhes sobre procedimentos suspeitos envolvendo a servidora, pesquisadores e outros funcionários da universidade. Informou ainda que depende disso para decidir se vai abrir ou não uma nova sindicância, e que essa análise deve ocorrer dentro de 30 dias.

O que diz a FAPESP?

A FAPESP mantém o entendimento de que os pesquisadores contribuíram para os desvios, ainda que sem intenção, ao permitirem o acesso de terceiros às contas bancárias vinculadas aos projetos.

Quer ficar ligado em tudo o que rola em Campinas? Siga o perfil do acidade on Campinas no Instagram e também no Facebook

Receba notícias do acidade on Campinas no WhatsApp e fique por dentro de tudo! Basta acessar o link aqui