O setor de ciência e tecnologia do Mercosul passa por uma das fases mais produtivas desde o início da integração regional. Superada a postura inicial de retração e ligeiras - e compreensíveis - desconfianças das partes, os países vivem um período de intensa cooperação. "Chegou a hora de obtermos resultados práticos nos diversos campos tecnológicos", afirma Cláudio Raeder, secretário de Desenvolvimento Tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia e representante brasileiro na Reunião Especializada do Mercosul (Recet).
Um dos assuntos prioritários para o bloco é a criação da Infovia Mercosul, um projeto que permitirá a interconexão de redes Internet, a alta velocidade, para o uso não-comercial nas áreas de Educação, Ciência e Tecnologia pelos parceiros no bloco.
Segundo José Macedo, um dos negociadores brasileiros, o Mercosul comunica-se hoje na Internet por meio dos Estados Unidos, a partir de uma conexão bilateral mantida por cada um dos países. O crescimento no uso das redes de comunicação, entretanto, torna essa alternativa ineficiente, do ponto de vista técnico, e inadequada, do ponto de vista político.
A infra-estrutura física para a implantação do projeto prevê a utilização do cabo Unisur (que, interliga a Argentina, o Brasil"e o Uruguai) e dos satélites Intelsat, Panamsat e Brasilsat, entre outros, para criar uma estrutura de comunicação Internet direta entre os países. Isto, no entanto, implica gestões políticas de alto nível e a alocação de recursos em escala apreciável.
Na pauta do bloco, está também a "versão" Mercosul do Projeto Ômega. Criado há cerca de um ano, o programa incentiva a pesquisa cooperativada no País para a solução de problemas ou a melhoria de sistemas produtivos Participam sempre duas empresas e uma instituição tecnológica - que pode ser o laboratório de uma universidade ou uma instituição pública ou privada. "Os argentinos já se mostraram bastante receptivos", afirma Raeder.
Outra sugestão brasileira que deve ser bem recebida entre os parceiros é a criação da Bolsa Mercosul: Segundo Raeder, a idéia é facilitar a movimentação de pesquisadores e técnicos entre os quatro países, seja para estudos de capacitação ou seminários, com verbas dos ministérios de Ciência e Tecnologia - ou correspondentes - de cada um dos países. O projeto brasileiro já está pronto.
Até o fim do ano, também deverá estar pronto o levantamento sobre as linhas de financiamento disponíveis em todos os órgãos de fomento em cada um dos países. O objetivo é permitir a execução de projetos conjuntos de empresas ou de empresas e Universidades, a partir do estímulo das atividades do setor privado relacionadas à ciência e tecnologia. (C.A.Jr.)
Notícia
Gazeta Mercantil