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Gazeta Mercantil

Ecologia sem fins lucrativos (1 notícias)

Publicado em 19 de abril de 2002

Por EDUARDO GERAQUE - de São Paulo
Na esteira do Projeto Genoma brasileiro e da reunião Rio+10, o principal evento sobre meio ambiente do ano. na África do Sul, em agosto, o Brasil deverá assistir nos próximos meses uma aproximação importante da ciência com a iniciativa privada. Mesmo que neste caso se trate de projetos de uma empresa sem fins lucrativos. Será lançado dia 25 em São Paulo, no Museu da Casa Brasileira, o importante programa da Organização das Nações Unidas nomeado de Iniciativa Equatorial. Apesar de não discutir os modelos do chamado desenvolvimento sustentável adotados pelos países ricos — e até pelos não ricos —, a entidade internacional pretende ajudar a reduzir a pobreza na área equatorial do mundo por intermédio da conservação da biodiversidade nas regiões tropicais do planeta. Esta ação irá receber inscrições de parcerias e iniciativas de sucesso neste terreno. As cinco melhores iniciativas, segundo a avaliação da ONU, receberão um prêmio de US$ 30 mil. Esta solenidade ocorrerá em Johannesburgo, na África do Sul, durante a Conferência de Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10. "Depois do lançamento no Guggenheim de Nova York, e em Londres, e do grande sucesso obtido, resolvemos trazer este evento também para o Brasil", explica José Pascowitch, diretor executivo de meio ambiente da Brasil Connects, empresa privada sem fins lucrativos que tem por objetivo divulgar a cultura e meio ambiente brasileiros. Entre os projetos desta empresa está a Mostra dos 500 Anos e a polêmica exposição de arte brasileira, no início do ano, em Nova York, realizada também no Guggenheim. Além desta parceria da empresa brasileira, que tem como presidente do Conselho Deliberativo Edemar Cid Ferreira, o programa do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) tem apoio do governo do Canadá, da Television Trust for the Environment (TVE) e da IUCN (União Mundial para a Natureza). Segundo Pascowitch, a Iniciativa Equatorial se alinha totalmente com os princípios dos projetos apoiados pela instituição que ele representa. "Todos os nossos projetos incentivam o desenvolvimento sustentável. É impossível, na nossa visão, preservar o meio ambiente sem a contribuição das pessoas nativas de cada região." Outra iniciativa que já está alinhavada pela BrasilConnects, mas ainda não foi assinada de forma definitiva, é levar os conceitos do projeto Biota-Fapesp para a Amazônia. Este projeto dos pesquisadores do Estado de São Paulo procurou mapear toda a biodiversidade bandeirante. A união dos grupos científicos de diferentes regiões e universidades só ocorreu por causa da criação de um instituto virtual, ligado à rede mundial de computadores. Hoje, devido ao sucesso do projeto, mais uma fase será vencida. Será lançada em São Paulo a "Neotropica", revista eletrônica do projeto Biota-Fapesp. "Já está tudo certo. Vamos contar com o conhecimento adquirido aqui em São Paulo e implantar isto na Amazônia", diz Pascowitch. Segundo ele, em nenhum momento a empresa visa a ocupar o lugar dos cientistas. "Nossa intenção é apenas viabilizar estas ações." A instituição brasileira já apóia vários projetos de desenvolvimento sustentável no território amazônico. Entre eles está a reserva de desenvolvimento sustentável de Amanhã. A região é dirigida pela sociedade civil de Mamirauá, que desenvolve projetos locais de sucesso. Nos moldes das mostras já organizadas, a outra iniciativa da instituição sem fins lucrativos sediada no pavilhão Manoel da Nóbrega do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, ainda neste primeiro semestre, está relacionada ao Projeto Genoma. "Vamos organizar neste prédio uma exposição sobre o Projeto Genoma. Vamos abordar todos os pontos importantes do assunto", diz João Carlos Veríssimo, diretor presidente da BrasilConnects. Segundo ele, dentro da missão proposta pela diretoria da instituição — todos provenientes da iniciativa privada, apesar de técnicos também integrarem a estrutura — as fontes de capitalização dos projetos nunca são ligadas ao governo. Normalmente, os recursos são provenientes de instituições internacionais