O Estado de São Paulo conta com os três ingredientes necessários para a inovação: centros de pesquisa, universidades e empresas dispostas a investir. Essa é a avaliação do diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, que proferiu palestra no dia 24/05 na Hospitalar, considerada o principal evento da cadeia da saúde das Américas.
“Em momentos de crise, como o que estamos vivendo agora, é por meio de parcerias que conseguimos multiplicar os recursos para a pesquisa em ciência, tecnologia e inovação. Não é por acaso que a nossa joia da coroa na FAPESP seja o programa de Centros de Pesquisa em Engenharia”, disse Brito Cruz.
Ao mesmo tempo que possibilitam o avanço científico, os Centros de Pesquisa em Engenharia (CPE) permitem multiplicar recursos. Isso porque, de modo geral, nesses projetos a divisão de recursos é feita da seguinte maneira: a FAPESP entra com uma parte, a empresa parceira com outra parte e as universidades com duas partes, sendo que para as universidades esses recursos já são destinados para sua própria atividade.
“O programa começou em 2014 e mesmo em um período de crise conseguimos criar novos Centros de Pesquisa. Com parcerias, conseguimos transformar cada R$ 1 investido em R$ 4. É interessante para todos”, disse.
Por um período de até 10 anos, os recursos investidos nos Centros de Pesquisa em Engenharia são divididos entre a FAPESP, a empresa ou consórcio de empresas e as universidades e institutos participantes.
O programa tem como objetivo desafios de pesquisa de médio e longo prazos com alto impacto científico e tecnológico. A FAPESP apoia Centros de Pesquisa em Engenharia em parceria com as empresas GSK, com sedes na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e no Instituto Butantan; dois com a Shell, um instalado na Escola Politécnica da USP, e outro com sedes na Unicamp, USP e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen); com a Peugeot Citroën, na Unicamp; e mais um com a Natura, na USP.
Estão em vias de serem constituídos outros centros em parceria com: Embrapa, em mudanças climáticas; Statoil, em gerenciamento de reservatórios e produção de petróleo e gás; Usina São Martinho, em medidas sustentáveis para o controle de doenças que afetam a cana-de-açúcar; Koppert, em controle biológico de pragas.
PIPE
Brito Cruz também mencionou o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), voltado a projetos com pequenas empresas. “Esse programa é voltado para pequenas empresas, ou até startups formadas por uma pessoa só, que querem transformar uma ideia em um produto ou processo que vai beneficiar as pessoas”, disse Brito Cruz.
O PIPE financia projetos de até R$ 200 mil na fase 1, de realização de pesquisas sobre a viabilidade técnica da pesquisa proposta. E financia projetos de até R$ 1 milhão, com duração de até dois anos, na fase 2, que se destina ao desenvolvimento da proposta de pesquisa propriamente dita.
“Em 2017, foram aprovadas 254 novas propostas submetidas por startups, pequenas e médias empresas, em um valor total de R$ 84,2 milhões”, disse Brito Cruz.
Para exemplificar a força econômica da inovação amparada nas universidades, Brito Cruz mostrou os resultados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Todos os anos a Unicamp apresenta um relatório sobre empresas criadas por seu alunos e professores. Até 2017 havia 485 empresas que mantiveram 29 mil empregos e faturaram R$ 3 bilhões – montante maior que o orçamento da própria Unicamp”, disse.
O diretor científico da FAPESP também apresentou dados que mostram a situação peculiar do Estado de São Paulo, em que há uma tradição das empresas de investirem em ciência e tecnologia.
“Normalmente, pensa-se que a participação das empresas em financiamento de pesquisa é baixa, mas isso não é verdade. Aqui no Estado de São Paulo, em 2015, 57,2% do montante total de R$ 27,5 bilhões aplicados em pesquisa e desenvolvimento vem das empresas”, disse.
O governo estadual responde por 22,7%, o federal, por 17,7% e Instituições de Ensino Superior Particulares respondem por 2,4%.