Versão do Parabéns em portuguêsEntretanto, o que muitos não sabem é que a letra original não possui a famosa segunda parte — a que canta “É pique, é pique” ou “é big, é big” —, vista somente em nosso idioma.
A melodia da música data de 1893 e foi criada pelas irmãs americanas Mildred e Patricia Smith Hill. Porém, apenas em 1924 ela ganhou uma versão de letra dedicada às celebrações de aniversário, visto que a versão original dizia apenas “good morning to all” (“bom dia para todos” em uma tradução literal).
Entretanto, a popularização da música aconteceu só em 1933 com um musical da Broadway intitulado “Happy Birthday To You”. Nele, a música cantada no palco repetia “happy birthday to you” duas vezes, seguida por “happy birthday dear [nome do aniversariante]” (“feliz aniversário, querido…”) na penúltima parte e repetindo o título no final.
Aqui no Brasil, a música começou a ser cantada ainda na década de 1930 em inglês, sendo que em 1942 um radialista promoveu um concurso com o intuito de achar uma letra que casasse com a melodia. A vitoriosa era assinada por Bertha Celeste Homem de Mello e até então trazia apenas os seguintes versos:
“Parabéns a você
Nesta data querida
Muita felicidade
Muitos anos de vida”
Tem lugares do Brasil que emendam o Parabéns com a clássica linha “é pique, é pique…”, mas isso não é consenso no país. Em muitos lugares, como no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e no Pará, para citar apenas alguns, os convidados entoam, na verdade, “é big, é big…”. Mas qual versão está correta, afinal?
Essa segunda parte, de acordo com uma matéria publicada na revista Pesquisa Fapesp em 2004, engloba frases associadas a situações vividas na lanchonete Ponto Chic, em São Paulo, por estudantes da Faculdade de Direito do largo de São Francisco.
“O bordão ‘é pique é pique, é hora é hora, rá-tim-bum’, incorporado no Brasil ao ‘Parabéns a você’, é uma colagem de bordões dos estudantes das Arcadas (como a faculdade também era chamada) da década de 1930. ‘É pique’ era uma saudação ao estudante Ubirajara Martins, conhecido como ‘pic-pic’ porque vivia com uma tesourinha aparando a barba e o bigode pontiagudo. ‘É hora’ era um grito de guerra de botequim: nos bares, os estudantes eram obrigados a aguardar meia hora por uma nova rodada de cerveja — era o tempo necessário para a bebida refrigerar em barras de gelo. Quando dava o tempo, eles gritavam: ‘É meia hora, é hora, é hora, é hora’.
‘Rá-tim-bum’ refere-se a um rajá indiano chamado Timbum, ou coisa parecida, que visitou a faculdade — e cativou os estudantes com a sonoridade de seu nome. O amontoado de bordões ecoava nas mesas do restaurante Ponto Chic (que criou o sanduíche Bauru graças a outro estudante de Direito, Casemiro Pinto Neto), com um formato um pouco diferente do que se conhece hoje: “Pic-pic, pic-pic; meia hora, é hora, é hora, é hora; rá, já, tim, bum”.
Daí, foi apenas questão de tempo para que o clássico “Parabéns a você” ganhasse um novo trecho, além de muitas outras variações e combinações conhecidas em diferentes regiões do nosso país, algumas até de certo mau gosto.
Então, aparentemente, o correto seria “é pique” mesmo.