Em tempos de fake news e coronavírus, nós professores da área de Ciências da Natureza temos um importante papel: o de questionar a notícia, checar e rechecá-la. Na Ciência as informações precisam estar fundamentadas em fontes seguras.
E quais seriam essas fontes? Em nosso caso, existem os institutos de pesquisa, como a FIOCRUZ, os institutos de química das universidades, as revistas científicas e de divulgação científica. A revista Química Nova, publica artigos com resultados de pesquisa, destinadas a cientistas químicos, por isso é uma revista científica. A revista FAPESP divulga o trabalho realizado pelos cientistas nas diferentes áreas, como faz a Scientific American e a Ciência Hoje destinada a um público adulto, a Galileu e a Superinteressante destinadas a jovens, finalmente temos a Ciência Hoje das Crianças.
Todas essas fontes são fidedignas porque os autores são especialistas da área ou jornalistas com formação para a divulgação científica. Além disso, os artigos passam por uma comissão técnica que revisa e quando for o caso sugere alteração ou até impede que o artigo seja publicado.
Uma das notícias que circula nas redes sociais é que o vinagre seria mais eficiente do que o álcool gel no combate ao vírus SARS-Cov-2 que causa a COVID-19. Outra, feita por um químico autodidata, afirma que o álcool gel é ineficiente.
O Conselho Federal de Química (CFQ) divulgou nota que afirma:
"Diante da difusão de um vídeo com informações inexatas a respeito do emprego de “álcool gel” na higiene das mãos como prevenção ao contágio por coronavirus, o presidente do Conselho Federal de Química (CFQ), José de Ribamar Oliveira Filho, vem a público esclarecer que:
a) O álcool etílico (etanol) é um eficiente desinfetante de superfícies/objetos e antisséptico de pele. Para este propósito, o grau alcoólico recomendado é 70% v/v, condição que propicia a desnaturação de proteínas e de estruturas lipídicas da membrana celular, e a consequente destruição do microrganismo (lise celular).
b) O etanol age rapidamente sobre bactérias vegetativas (inclusive microbactérias), vírus e fungos, sendo a higienização equivalente e até superior à lavagem de mãos com sabão comum ou alguns tipos de antissépticos degermantes (BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
c) A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da RDC 42 de 2010, tornou obrigatória a disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do país nessa concentração de 70%, podendo inclusive ser uma preparação em gel.
d) Acerca do coronavírus (COVID-19), foi publicada em 27/02/2020, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma orientação provisória, dizendo que a utilização de álcool gel é uma eficaz medida preventiva e mitigatória ao COVID-19, tanto nos setores da saúde, quanto para a comunidade em geral.
Cabe salientar que o CFQ não reconhece como válida a autodenominação de “químico autodidata” ou a de pessoas que atuem nas atividades da Química sem o devido registro profissional".
Fonte: CFQ (http://cfq.org.br/noticia/nota-oficial-propriedades-do-alcool-gel/).