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Drones podem tornar plantações mais sustentáveis: veja como (33 notícias)

Publicado em 06 de dezembro de 2024

Sensoriamento remoto ajuda reduzir desperdício de água e emissões de CO2 com tecnologias embarcadas em drones que sobrevoam plantações de amendoim e cana-de-açúcar

O amendoim é uma semente, a batata é um tubérculo e a batata-doce é uma raiz tuberosa. No entanto, as três culturas possuem uma característica em comum: elas se desenvolvem embaixo da terra. Para saber se estão prontas para colheita, os produtores precisam adotar uma medida chamada de arranquio, que trata-se de retirar a planta do solo para fazer uma avaliação visual, mobilizando terra e emitindo gás carbônico durante a operação.

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, município no interior de São Paulo que recebe a alcunha de “Capital do Amendoim”, estão usando tecnologias de sensoriamento remoto para mensurar o rendimento e a maturidade dessas culturas ainda sob a terra, eliminando a necessidade de arranquio, aumentando a produtividade e reduzindo as emissões de CO2.

Funciona assim: câmeras embarcadas em drones e satélites registram imagens que conseguem captar a reflectância da planta, ou seja, o quanto ela reflete de energia solar em diferentes faixas, visíveis (verde, amarelo e azul) e invisíveis (infravermelho). Plantas saudáveis e doentes refletem de formas diferentes, por isso a reflectância meio que “dedura” os índices de maturação das culturas subterrâneas.

A partir dessas imagens combinadas com sensores embarcados em máquinas agrícolas e outras ferramentas de inteligência artificial, os pesquisadores do projeto elaboram modelos computacionais para auxiliar os produtores. De acordo com Rouverson Pereira da Silva, professor da Unesp, os modelos desenvolvidos conseguem estimar com mais de 90% de precisão a maturidade do amendoim, eliminando a necessidade do arranquio. O projeto está em fase de transferência de tecnologia para os produtores.

Enquanto os drones dos pesquisadores da Unesp de Jaboticabal investigam a energia solar, os drones de um grupo de pesquisa da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Feagri-Unicamp) estão preocupados com a água. Embarcados com um sistema de radares miniaturizados, eles podem sobrevoar grandes áreas de plantação, emitindo ondas de frequência que penetram o solo, possibilitando estimar a quantidade de água disponível em cada ponto da lavoura – com uma precisão de mais de 90%.

Como as características do solo de uma plantação não são homogêneas, o levantamento de dados permite implementar um sistema de irrigação com taxa variável, resultando em economia de água. De acordo com Barbara Janet Teruel Medeiros, professora da Feagri e integrante do projeto, não seria mais preciso abrir o sistema de irrigação para escoar uma quantidade de água desnecessária. Isso evitaria saturar certas regiões ou deixar faltar em outras.

O objetivo do projeto é apresentar uma estratégia de agricultura de precisão com sensoriamento remoto capaz de aumentar a produção de cana-de-açúcar em 30% e reduzir os custos de produção em 20%, no mínimo. Os dois trabalhos foram apresentados na FAPESP Week Spain, nos dias 27 e 28 de novembro, na Faculdade de Medicina da Universidade Complutense de Madri.

Por Bruna Ferreira, para o TechTudo

Com informações de Agência FAPESP