Os resultados de um projeto concebido para avaliar quatro programas mantidos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foram apresentados nesta quarta-feira (16), na sede da agência de fomento, na Capital, pelo Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (Geopi) do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp. De acordo com o coordenador do trabalho, professor Sergio Salles Filho, as análises apontam que todos vêm atingindo os objetivos para os quais foram criados. "Evidentemente, cada um deles apresenta pontos que precisam e podem ser melhorados", afirma.
Foram analisados pela equipe da Unicamp, constituída por 15 pesquisadores, os seguintes programas: Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (Pipe), Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (Pite), Pesquisa em Políticas Públicas (PPP) e Apoio ao Jovem Pesquisador (JP). Conforme Salles Filho, a avaliação demandou um ano e meio de trabalho. As atividades compreenderam desde a formulação da metodologia até a coleta e apreciação dos dados. Foram considerados para efeito de análise os projetos concluídos até 2006 dentro de cada programa. "O que nós apuramos foi que o Pipe está de fato financiando a inovação tecnológica na pequena empresa, que o Pite promove a parceria para a inovação entre a universidade e a grande empresa principalmente, que o PPP aproxima os órgãos de governo das instituições de pesquisa e que o JP tem contribuído para criar centros emergentes tanto do ponto de vista geográfico quanto temático", resume.
Apesar de o resultado da avaliação ser amplamente favorável aos programas em questão, os avaliadores também apuraram pontos que podem ser aperfeiçoados em cada um deles. Segundo Salles Filho, no caso do Pite, a questão fundamental a ser melhorada, e que já está sendo alvo de ações por parte da Fapesp, é fazer com que uma parte significativa das iniciativas parta das empresas. "Caso contrário, a pauta será dada prioritariamente pelo proponente do projeto, ou seja, a instituição de pesquisa". Quanto ao Pipe, o ponto a ser aprimorado refere-se à fase posterior ao desenvolvimento tecnológico, ou seja, a etapa que corresponde à produção e comercialização de uma dada tecnologia. "Esse tema, que continua descoberto, poderia aumentar enormemente a efetividade do programa", considera.
Em relação ao PPP, aponta a avaliação, seria recomendável um comprometimento maior por parte dos órgãos governamentais no sentido de assegurar que os projetos tenham maior repercussão nas políticas públicas. "Esse comprometimento, diga-se, também vale para as próprias instituições de pesquisas", ressalta Salles Filho. Finalmente, no que toca ao JP, os avaliadores consideram que a Fapesp precisa dar mais clareza ao que espera dos centros emergentes, bem como ao que ela classifica de "jovem pesquisador". "Em outras palavras, é preciso diferenciar um pouco mais esse programa das linhas de auxílio comuns".
Em relação ao trabalho de avaliação, Salles Filho o considerou "muito bem-sucedido". O próximo passo, adianta, será sistematizar o processo. "Uma avaliação ocasional tem sua importância, mas ela será sempre datada. Como as coisas mudam rapidamente, é preciso sistematizar a avaliação. Isso significa incluir nas rotinas da Fapesp indicadores que lhe permitam ter um monitoramento freqüente do que acontece com os seus programas". O diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, afirma que o processo de avaliação dos programas mantidos pela agência de fomento deverá ter continuidade, dado que é um importante instrumento para acompanhar os resultados e impactos de tais iniciativas.