Uma pesquisa feita na Universidade de São Paulo (USP) apontou que indivíduos idosos com excesso de peso que enfrentam dificuldades no sono apresentam um quadro mais acentuado de sintomas ligados à ansiedade e depressão em comparação àqueles que desfrutam de um sono de qualidade. O estudo que também foi divulgado na revista Scientific Reports, concluiu que a irregularidade nos padrões de sono está associada a uma diminuição na massa e força muscular dos membros superiores e inferiores, ao mesmo tempo em que contribui para um aumento no percentual de gordura corporal.
O estudo e seu impacto
Com 95 voluntários participando, a pesquisa contou com a colaboração de membros do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição, localizado na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP), juntamente com especialistas da Faculdade de Medicina (FM-USP). Além disso, cientistas da Disciplina de Geriatria, vinculados à FM-USP, também desempenharam um papel fundamental nesse estudo.
Com o objetivo de examinar a relação entre a qualidade do sono e os indicadores quantitativos e qualitativos da saúde mental e física em idosos com sobrepeso, os investigadores delinearam a estrutura do estudo utilizando questionários para avaliar diversos domínios de saúde, totalizando 95 idosos com obesidade, os quais foram divididos em dois grupos distintos – aqueles com padrões de sono satisfatórios (46 indivíduos) e aqueles com padrões de sono desfavoráveis (49 indivíduos). Além disso, a composição corporal e a funcionalidade dos participantes também foram minuciosamente avaliadas.
As constatações revelaram que os indivíduos que experimentavam distúrbios de sono demonstravam um estado de saúde física e mental mais debilitado, evidenciado por níveis reduzidos de vitalidade, aumento na sensação de dor muscular, bem como prejuízos nas facetas tanto físicas quanto mentais. De acordo com Hamilton Roschel, nutricionista e fisiologista clínico, em que coordenou o trabalho com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp): “ Esses participantes também exibiram um maior índice de gordura corporal, acompanhado de uma menor proporção de massa magra e força muscular relativa. Adicionalmente, suas pontuações indicaram uma tendência para piores estados de depressão, ansiedade e qualidade de vida”, contou.
Importância do cuidado da saúde do sono em idosos
O resultado deste estudo desempenha um papel crucial ao ressaltar a necessidade de priorizar a saúde do sono entre os idosos, como uma estratégia fundamental para mitigar ou reverter os efeitos adversos resultantes da combinação de obesidade e envelhecimento. Esses efeitos se manifestam em diversos âmbitos da fisiologia dos idosos, incluindo processos anabólicos e o metabolismo da glicose, além de exercer influência sobre a qualidade de vida geral.
“Estamos diante de uma conjuntura altamente desafiadora: o envelhecimento da população aliado ao aumento da prevalência de obesidade nesse grupo específico, que já é propenso a enfrentar problemas de sono com maior regularidade. Além disso, há uma notável diminuição simultânea na força muscular, massa magra e bem-estar menta l”, concluiu Roschel.
Nos próximos meses, os pesquisadores da USP têm planos de publicar um estudo de acompanhamento que se concentra em terapias de estilo de vida. O foco será abordar os impactos adversos na composição corporal e distúrbios metabólicos.