Notícia

Gazeta Mercantil

Docegeo usará nova tecnologia na maior mina de ouro da Vale

Publicado em 11 fevereiro 1996

Por Ivo Ribeiro - de São Paulo
Uma tecnologia inédita no Brasil na descoberta de metais será utilizada na segunda etapa de pesquisa da megajazida de ouro da Vale do Rio Doce, em Serra Leste, no Pará, que possui reserva de 150 toneladas avaliada na fase inicial de prospecção. É a mesma técnica usada na perfuração de poços de petróleo em terra, que será aplicada nas sondagens mais profundas da jazida, acima de 800 metros. A Rio Doce Geologia e Mineração (Docegeo), subsidiária da Vale para pesquisas minerais, contratou a Azevedo & Travassos Petróleo, detentora da tecnologia, para fazer a perfuração de 5 mil metros na área da jazida, o correspondente a 27% dos 18 mil metros de furos programados para serem feitos até agosto. Serão investidos R$ 10 milhões e cerca de R$ 2.8 milhões referem-se ao contrato com a Azevedo & Travassos. A técnica a ser utilizada é mais avançada que a convencional utilizada e os equipamentos de sondagem são de maior porte, que permitem um direcionamento preciso do alvo em grande profundidade, explicou Breno dos Santos, presidente da Docegeo. Foi realizada uma licitação e a Azevedo & Travassos foi a única empresa brasileira com competência que se apresentou, informou Santos. A empresa perfurará até 1.5 mil metros de profundidade. Os equipamentos serão instalados em Serra Leste, que fica a 55 quilômetros da cidade de Curionópolis, até o próximo mês, antes do início das chuvas de verão na Amazônia. A Azevedo & Travassos está importando algumas brocas de diamante para cumprir o trabalho contratado com a Docegeo, disse Renato de Almeida Pimentel Mendes, diretor da empresa. Está sendo escalada uma equipe de quarenta pessoas, entre engenheiro de perfuração, técnicos de geologia e operadores de sonda, dividida em dois grupos de vinte pessoas que se revezarão a cada quinze dias no local. Uma sonda com capacidade de 100 toneladas de tração será instalada em Serra Leste e produzirá furos que começarão com diâmetro de oito polegadas e meia e serão reduzidos para seis e quatro de acordo com a profundidade. Ao utilizar essa tecnologia comum em poços de petróleo em terra ("on shore") o material (testemunhos) é menos destruído, o que permite uma análise mais precisa do teor de ouro contido, explica Mendes. O trabalho é mais caro, mas consegue uma recuperação melhor do testemunho, observa o presidente da Docegeo. A sonda, segundo ele, possui mais recursos tecnológicos que as convencionais usadas em mineração. Mais três empresas - Seta, Geosol e Progeo - estão operando na área. O potencial da jazida que será medido até agosto abrangerá o ouro contido na rocha (minério) entre trezentos e seiscentos metros de profundidade. É nessa faixa que deverá ocorrer a lavra numa primeira etapa de montagem da mina. A prospecção até 1,5 mil metros indicará a reserva de metal existente para avanço da exploração no futuro e ajudará dimensionar o porte da mina. A Azevedo & Travassos Petróleo é uma divisão da construtora Azevedo & Travassos que desde dezembro tem 50% de participação da Paranapanema e faturou US$ 4 milhões em 1995. Para este ano espera chegar a US$ 10 milhões. Foi criada em 1984 para participar de contratos de risco da Petrobrás no Rio Grande do Norte.