A divulgação científica é, antes de tudo, um trabalho de tradução de linguagens. O divulgador apura as opiniões dos pesquisadores no jargão típico da ciência e é o encarregado de torná-las acessíveis para o grande público. Jornalistas como os de Galileu percorrem esse caminho a cada edição. A novidade é que agora a divulgação científica está ao alcance de todos os alunos do ensino superior. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - Fapesp está lançando o MídiaCiência, projeto que oferece bolsas de pesquisa para incentivar a divulgação científica. A idéia é produzir reportagens para jornais, revistas, rádio, TV ou Internet, sobre algum projeto científico. E o programa não é apenas para jornalistas ou alunos de comunicação. Podem se candidatar estudantes de todas as áreas e níveis do ensino superior, anuncia José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp.
A iniciativa, por enquanto restrita São Paulo, pode ser imitada por outros estados e ajudar a aumentar o interesse do público pela ciência produzida no país. E de quebra, alargar o mercado de trabalho dos pesquisadores, Nas últimas décadas, a produção científica do Brasil cresceu em quantidade e qualidade. Mas a divulgação das pesquisas não acompanhou o mesmo ritmo, analisa o diretor da Fapesp. Na outra ponta, o aluno bolsista também sai lucrando. Para começar, uma bolsa de pesquisa é sempre uma importante peça para acrescentar a um currículo. E nesta, em particular, o aluno trava contato tanto com cientistas quanto com profissionais de comunicação, acrescenta Perez.
Para se candidatar às bolsas, o estudante precisa, de início, selecionar o projeto científico sobre o qual deseja fazer a reportagem. Depois, deve escolher um professor para orientá-lo e requisitar a bolsa à Fapesp, que analisa o projeto. Uma dica: contatar empresas de comunicação para veicular o produto final aumenta as chances de ò projeto emplacar.
CURSO PIONEIRO
A idéia é publicar os trabalhos, explica Perez. Há alguns pré-requisitos para participar do projeto. O primeiro é saber inglês, pois, na pesquisa, é preciso ler publicações estrangeiras. O segundo é cursar, na faculdade, matérias como história da ciência e da tecnologia e temas centrais da ciência contemporânea. Esperamos fomentar o surgimento de cursos de introdução ao jornalismo científico nas universidades e em empresas de comunicação, destaca o diretor da Fapesp.
Atualmente o único curso de jornalismo científico existente no Brasil é o da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. O curso - destinado a pós-graduandos - começou no ano passado. Metade dos estudantes são jornalistas, e a outra metade são cientistas, conta Carlos Vogt, coordenador do curso. O time dos professores também mescla profissionais de comunicação, como jornalistas, e de ciência, como engenheiros, físicos e biólogos.
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Galileu