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Dirigente da Fiesp quer políticas mais agressivas para criação de incubadoras  de empresas (1 notícias)

Publicado em 23 de outubro de 2013

O investimento das empresas em pesquisa e desenvolvimento deve ser reconhecido e mais estimulado por políticas públicas nas várias esferas governamentais para evitar que fatores macroeconômicos, além da burocracia, sejam restrições permanentes aos incentivos privados à inovação, de acordo com o vice-presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Aluisio Paranhos do Rio Branco.

O representante da Fiesp disse durante o seminário São Paulo, Cidade da Inovação, realizado pela fundação, que 90% do total investido em pesquisa e desenvolvimento nas empresas advém de recursos próprios e apenas 10% são recursos públicos.

O dirigente defendeu a necessidade de políticas públicas mais agressivas em relação a incubadoras e falou da importância dos parques tecnológicos para São Paulo. "Nos Estados Unidos existem 1.115 incubadoras, aqui há 384.

Esse resultado é preocupante porque as incubadoras de empresas são intrinsecamente inovadoras no Brasil. Cerca de 55% delas inovam para o País, 28% inovam para a economia regional e 15% para o mercado mundial. Apenas 2% não inovam", explicou.

Jorge Kalil, diretor-presidente do Instituto Butantã, que representou os institutos de pesquisa, apontou alguns dos principais gargalos à inovação no Brasil, em sua visão, como o baixo número de patentes, o reduzido número de pesquisadores por habitante e a baixa valorização do cientista na sociedade brasileira.

"Investir em inovação não é simplesmente injetar dinheiro. Também é preciso investir em pessoas. O cientista não deve estar isolado na universidade. Tem de estar nas empresas e deve estar nos bancos que controlam o investimento em inovação, para ajudar a avaliar os projetos", disse Kalil.

Segundo o Kalil, outro problema é ambiente regulatório desfavorável e burocrático, que atrapalha a interação entre universidades e empresas e dificulta a importação de insumos para pesquisa.

O subsecretário de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Marcos Cintra afirmou que o governador Geraldo Alckmin está atento aos problemas apresentados e, por isso, decidiu reorganizar o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (Concite) e o Conselho das Instituições de Pesquisa do Estado de São Paulo (Consip).

Segundo Cintra, o governo estadual fará uma "parada estratégica" na criação de novos parques tecnológicos para consolidar os 28 existentes.

"Alguns ainda são carentes na capacidade de atração de laboratórios e de centros de pesquisa. Não podemos esperar que isso ocorra naturalmente e o maior instrumento que o estado tem chama-se Pro-parque, projeto de incentivo fiscal que libera todas as empresas para que invistam nos parques tecnológicos os créditos acumulados de ICMS", afirmou.

O diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Carlos Henrique de Brito Cruz, ressaltou o fato de que o Estado possui características que o diferenciam das demais unidades da federação no que diz respeito à ciência e tecnologia.

"Em São Paulo, mais da metade do dispêndio em pesquisa é feito por empresas em seus centros de pesquisa e de engenharia. Além disso, o apoio público estadual é quase o dobro do apoio de recursos federais. No resto do Brasil, 80% dos recursos públicos para pesquisa são do governo federal e os outros 20% do governo estadual", avaliou em reportagem da Agência Fapesp.

Segundo Brito Cruz, há uma enorme diferença no esforço que cada Estado faz com o dinheiro dos impostos estaduais para apoiar a pesquisa. "São Paulo investe dez vezes mais que o Rio, que é o segundo Estado em termos de produção científica. Mas não é dez vezes mais rico. Há uma diferença não só no volume de recursos, mas na prioridade que o Estado de São Paulo dá à atividade de pesquisa", avaliou.

Por último, Brito Cruz destacou que há, em São Paulo, uma maior interação entre universidades e empresas. Segundo ele, nas principais universidades de pesquisa do Estado, o volume de recursos oriundos de contratos com empresas está próximo à média das universidades norte-americanas.