O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou, nesta quarta-feira, 7, que o surto de dengue visto no Brasil é parte de um grande aumento em escala global. Adhanom elogiou o Brasil pela resposta à doença e por incluir a vacina contra a dengue no país, afirmando que a organização planeja ajudar no desenvolvimento de imunizantes. O diretor da OMS está no Brasil desde o início da semana e se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira.
“Existe um surto global, a OMS está recebendo relatórios de 80 países em todas cinco regiões, exceto a Europa. Existe um ressurgimento global da dengue, e achamos que isso tem a ver com a mudança climática”, afirmou o diretor-geral da OMS.
Adhanom afirmou que o Brasil está fazendo o melhor para controlar a doença e destacou a importância de aumentar a produção de vacinas. Ele citou o protagonismo brasileiro na produção de vacinas contra a covid-19, reforçando que o País é fundamental na promoção do acesso a imunizantes por países mais pobres.
“O Brasil está fazendo o melhor que pode. O foco é no controle de vetores, mas há também vacinas produzidas pelo Brasil. É claro que o volume da produção precisa aumentar, mas, com o trabalho que está sendo desenvolvido no momento, acho que a dengue vai estar sob controle em breve”, disse, complementando:
“O Brasil é um dos países que está trabalhando na produção local (de vacinas). Isso é bom para o Brasil , mas é bom principalmente para países de renda baixa e média.”
Tedros Adhanom citou instituições científicas importantes do país, como o Instituto Butantan e a Fiocruz. Ele afirmou que a OMS tem colaborado com o Butantan “com vistas a explorar uma nova via de colaboração para acelerar a produção local de novas vacinas avançadas aqui no Brasil.”
Na última segunda-feira, o diretor-geral da OMS se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Na ocasião, Adhanom mencionou a possibilidade de o Brasil se tornar um fornecedor de vacinas contra a dengue. Atualmente, o Instituto Butantan está na fase final do desenvolvimento da vacina. A única vacina aprovada no Brasil contra a doença até agora é a Qdenga, do laboratório Takeda.
O Brasil tem enfrentado um aumento nos casos de dengue desde o final do ano passado. Apenas em 2024, o Brasil registrou 364.855 casos prováveis da doença e 40 mortes. Na terça-feira, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um pronunciamento em rede nacional pedindo à população que auxilie no combate e na prevenção da dengue.
Durante coletiva de imprensa, Nísia afirmou que descarta, no momento, um decreto de emergência nacional.
“Nós estamos com uma coordenação das operações de emergência já instaurado desde sábado. Neste momento, essa é a estratégia do ponto de vista nacional que consideramos adequada. Temos que ver que, em um país com as dimensões do Brasil, e com diferenças socioambientais, regimes de chuva, nesse momento não faz sentido (decretar) uma emergência nacional. O que não quer dizer que não estejamos em estado de alerta de preocupação nacional”, disse.
Estadão Conteúdo