A vitamina D desempenha funções essenciais no organismo. Ela está relacionada à absorção de cálcio e de fósforo, além de influenciar o crescimento saudável dos ossos e o funcionamento do sistema imunológico. E tem mais: de acordo com uma pesquisa publicada no periódico Calcified Tissue International and Musculoskeletal Research, a substância também reduz em 78% o risco de fraqueza muscular .
A condição, que no jargão médico é chamada de dinapenia, é caracterizada pela perda de força muscular relacionada ao envelhecimento e é considerada um fator de risco para a incapacidade física. Pessoas com dinapenia apresentam maior risco de quedas, hospitalização e óbito precoce.
De acordo com o estudo, há evidências que os tecidos ósseo e muscular estão interconectados não apenas mecanicamente e fisicamente, mas também bioquimicamente via comunicação parácrina e endócrina. Assim, distúrbios endócrinos, como insuficiência e deficiência de vitamina D , poderiam provocar o desequilíbrio na síntese proteica, o que culminaria na perda da densidade mineral óssea, bem como na redução da massa, da força e da função muscular.
A pesquisa ainda aponta que mais da metade da população mundial tem insuficiência ou deficiência de vitamina D. A condição é ainda mais prevalente em idosos devido à maior ocorrência de doenças crônicas, uso de medicamentos, presença de limitações funcionais, menor exposição à luz solar e prejuízo na produção de 7-desidrocolesterol nesse grupo.
Como o estudo foi feito?
No estudo, realizado por pesquisadores da USFCar (Universidade Federal de São Carlos) e da University College London (Reino Unido), foram analisados 3.205 britânicos com mais de 50 anos, acompanhados por quatro anos no âmbito do projeto English Longitudinal Study of Aging (Elsa). O trabalho foi apoiado pela FAPESP.
Os indivíduos selecionados não apresentavam fraqueza muscular , isto é, tinham força neuromuscular maior ou igual a 26 kg para homens e maior ou igual a 16 kg para mulheres. Isso foi medido utilizando um dinamômetro portátil com escala de 0 a 100 kg, que foi ajustado ao tamanho da mão de cada participante.
Ao acompanharem os participantes por quatro anos, os pesquisadores verificaram que aqueles que apresentavam deficiência de vitamina D no início do estudo tinham 70% mais risco de desenvolver fraqueza muscular ao final do estudo do que os indivíduos que possuíam níveis normais do hormônio.
Destaca-se que indivíduos com osteoporose e que faziam suplementação de vitamina D foram retirados das análises. Nesse cenário, pessoas que tinham deficiência de vitamina D no início do estudo apresentaram 78% mais risco de desenvolver fraqueza muscular. Já aqueles com insuficiência apresentaram 77% mais risco de desenvolver dinapenia ao final dos quatro anos de acompanhamento.
Relação entre a dinapenia e a deficiência de vitamina D
O processo anti-inflamatório crônico do organismo ocorre à medida que se envelhece. No processo, há o aumento das citocinas inflamatórias e do catabolismo proteico, que provocam a perda da massa muscular. Nesse cenário, além de ser uma facilitadora de deposição de cálcio no osso, a vitamina D também atua no sistema imunológico, diminuindo o processo inflamatório crônico.
“Ela ajuda o sistema imunológico e, comprovadamente, também atua no processo anti-inflamatório. [...] O paciente que tem uma falta de vitamina D fica inflamado cronicamente. Quando nós temos os níveis normais ou elevados de vitamina D, esse processo é diminuído por conta desse agente, então há uma melhora do quadro”, explica Rodrigo Correa, clínico geral e especialista em idosos.
Em um quadro de insuficiência ou deficiência do hormônio, o paciente apresenta maior risco de desenvolver fraqueza muscular. Aliados a isso, outros fatores também podem ocasionar uma dinapenia, como inatividade física, diminuição das células satélites que formam as células musculares e menor ingestão de proteína.
Como repor a Vitamina D no organismo?
A vitamina D pode ser obtida a partir do consumo de alimentos como peixes, óleos de fígado de bacalhau e gemas de ovo — além de suplementos, laticínios e produtos de grãos fortificados. Todavia, a quantidade de vitamina D presente durante as refeições não é o suficiente para elevar seus níveis no organismo.