Um artigo publicado no Proceedings da Academia Nacional de Ciências (PNAS), confirma a hipótese de que a agricultura também afeta dieta e uso de habitat de mamíferos selvagens que vivem em áreas florestais fragmentadas perto de terras agrícolas e pastagens. O estudo foi realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
“Restos florestais e a matriz agrícola não são separadas. Existe uma interface entre essas áreas. Não é novidade que os animais precisam encontrar comida nas plantações, mas essa prática não havia sido quantificada até agora. Devo enfatizar que a dieta em questão não é ideal. É uma questão de sobrevivência ", disse Marcelo Magioli, bolsista da FAPESP e primeiro autor do artigo.
Segundo o estudo, o impacto da agricultura na conservação está relacionado não apenas ao desmatamento e fragmentação florestal, mas também às alterações causadas pelo processo na dieta de animais silvestres. Os pesquisadores enfatizam a necessidade de gerenciamento adequado de ambientes humanos modificados para apoiar a sobrevivência da vida selvagem.
"Nossas descobertas apontam para a necessidade de um manejo agrícola mais favorável para apoiar esses animais e sublinhar a importância do Código Florestal Brasileiro e manter reservas legais e áreas de conservação permanente [APP]", afirmou Ferraz.
Para medir quanto a dieta desses mamíferos foi alterada pela influência da matriz agrícola, os pesquisadores analisaram isótopos estáveis de carbono e nitrogênio no pelo dos animais. O método, amplamente utilizado em estudos tróficos de animais marinhos, identifica o tipo de alimento consumido em um período de aproximadamente três meses e a posição do indivíduo na cadeia alimentar.