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Dieta com restrição de calorias induz alterações benéficas no DNA de mulheres obesas (24 notícias)

Publicado em 26 de agosto de 2020

Por Revista Amazônia

Estudo conduzido por pesquisadores do Brasil e da Espanha mostrou que a adoção de uma dieta com restrição de calorias pode, além de reduzir o peso, induzir modificações bioquímicas no DNA de mulheres obesas capazes de reverter a propensão a certos tipos de câncer. Os resultados foram publicados no European Journal of Clinical Nutrition.

O trabalho integra um projeto financiado pela FAPESP cujo objetivo é avaliar em pacientes obesas submetidas a diferentes intervenções terapêuticas – cirurgia bariátrica, cirurgia bariátrica seguida de exercícios físicos ou dieta – o padrão de metilação do DNA. Esse processo bioquímico, que corresponde à adição de um grupo metila (formado de átomos de hidrogênio e carbono) à base citosina do DNA, pode alterar a expressão de alguns genes. Desse modo, determinados padrões de metilação do DNA podem favorecer ou inibir o desenvolvimento de doenças.

“O resultado principal do estudo é mostrar que indivíduos com e sem obesidade têm um perfil diferente de metilação do DNA em alguns genes específicos e que isso pode ser modicado com a perda de peso. Dependendo da intervenção [cirurgia, cirurgia e exercício ou dieta], as vias modificadas são diferentes e o padrão não necessariamente volta a ser o de um indivíduo com peso normal”, explica Carolina Nicoletti , professora colaboradora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), uma das autoras do trabalho.

Nicoletti realizou parte das análises durante estágio de pós-doutorado , também financiado pela FAPESP, sob supervisão de Carla Barbosa Nonino , coordenadora do projeto e do Laboratório de Estudos em Nutrigenômica (LEN) da FMRP-USP.

“O aumento da prevalência e incidência de obesidade e comorbidades relacionadas é um dos principais problemas de saúde pública na atualidade. Por ser uma doença complexa e multifatorial, a melhor compreensão dos mecanismos moleculares das interações entre estilo de vida, meio ambiente e genética é fundamental para o desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção e tratamento”, diz Nonino.

Nesse estudo, foram avaliadas 11 voluntárias, com obesidade grave e idades entre 21 e 50 anos. Elas tiveram amostras de sangue coletadas antes e depois de uma intervenção dietética de seis semanas. As pacientes ficaram internadas durante todo o período na Unidade Metabólica do Hospital das Clínicas da FMRP-USP, onde receberam uma dieta de 1.800 e 1.500 quilocalorias diárias no primeiro e segundo dia, respectivamente, e de 1.200 quilocalorias por dia no restante do período.

As pacientes tiveram acompanhamento de uma equipe de médicos, enfermeiras e nutricionistas, que garantiram a adesão à dieta. Além disso, as voluntárias foram estimuladas a não alterar os níveis diários de atividade física que mantinham antes da intervenção.