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Repórter Diário

Diagnóstico da USCS mostra que empresas ainda pecam no quesito inovação

Publicado em 31 agosto 2021

Por George Garcia

A USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) apresentou nesta terça-feira (31/08) o Diagnóstico Empresarial do ABC, que revela que, dentre as empresas pesquisadas, a crise econômica provocada pela covid-19 já está mostrando sinais de recuperação. Outro ponto que o estudo revelou é que a maior parte das empresas ainda tem bastante a evoluir no quesito inovação, conceito que envolve tecnologia e marketing.

Para explicar como foi feito o diagnóstico o professor Eduardo de Camargo Oliva, diretor de Pós-Graduação Stricto Sensu da USCS, e Susana Helena Campos, especialista convidada para participar do diagnóstico, participaram do RDTv desta terça-feira (31/08) e falaram para o jornalista Carlos Carvalho sobre as constatações do estudo.

“O diagnóstico surgiu da observação da pandemia e o que ela causou para as empresas, principalmente em 2020. Houve queda de faturamento, acordos de redução de jornada e desligamentos, isso chamou atenção da universidade que se colocou a serviço dos empresários para identificar quais seriam as vulnerabilidades e traçar ações em conjunto para o crescimento econômico e preservação dos empregos”, explicou Oliva.

Segundo o professor as empresas brasileiras são, em sua maioria, jovens e são poucas as que têm mais de 100 anos. O diagnóstico busca garantir a sobrevivência delas por longo período. “Queremos que as empresas tenham perenidade e não desapareçam no tempo”.

As empresas que participaram respondendo o questionário da USCS receberam respostas com o diagnóstico que a universidade fez, com o objetivo de indicar caminhos. Pelas respostas Oliva diz que é possível concluir que a recuperação econômica já teve início. “A boa notícia é que o primeiro semestre de 2021 praticamente se equivaleu a 2020 inteiro. Obviamente isso só se aplica quanto às que responderam o questionário. Se compararmos 2019 com 2021 o emprego também está se recuperando”, diz o professor.

Para Susana Helena Campos o resultado trouxe otimismo aos pesquisadores. “Mostra uma tendência de evolução, tanto quando aos empregos, quanto ao faturamento. Mostra uma tendência de recuperação aos patamares de 2019 e isso traz esperanças. Tanto a indústria, como o setor de serviços e o comércio estão em curva de recuperação econômica e todos na mesma proporção”, aponta.

O professor da USCS considera que o diagnóstico vai ajudar as empresas em correções de rumo para a recuperação da crise e a crescer. “Hoje temos concorrência forte e uma série de situações de mercado que, se uma empresa não tiver informações e elementos para tomada de decisão, pela poderá não crescer. Então esse trabalho se focou na profissionalização da gestão. Procuramos identificar o grau de maturidade das organizações e qual a sua pré-disposição de atuar de maneira mais profissional, independente de tamanho, se micro pequena, média ou grande empresa. Essa crise afetou todos e se não tiver uma estratégia para os próximos meses e anos, em termos de rumo, provavelmente eles não terão o mesmo êxito que seus concorrentes”.

Segundo os integrantes do diagnóstico, em termos de tecnologia de informação a surpresa foi que a indústria, o comércio e os serviços se equivaleram. “Muitas empresas já se prepararam para o e-commerce ou estão nesse processo de adaptação, a pandemia forçou a tomar uma ação rápida em relação a isso. Mas as empresas têm um grande caminho para evolução, muito a evoluir no modelo de gestão, e sobre quais os caminhos para que possam se consolidar para garantir a perenidade do negócio”, diz a pesquisadora convidada.

Mais do que usar os canais digitais de vendas e apenas focar em competir no preço, o diagnóstico mostra que os empresários precisam mostrar as qualidades do produto e justificar porque ele custa mais, porque oferece mais. “Saber fazer a comunicação ao mercado de como que você está agregando valor para o seu cliente. Para isso tem que ter planejamento, um trabalho de marketing mais focado. Nosso instrumento forçou o empresário a pensar sobre isso. Isso é uma mudança de atitude e de postura do empresário”, disse Oliva.

De posse do diagnóstico as empresas terão também um canal com a universidade par tirar dúvidas. “Esse é um trabalho que não vai terminar tão cedo”, diz o professor, que já anuncia uma próxima edição do estudo ainda sem data definida.

Inovação

Das treze áreas nas quais o diagnóstico foi dividido, o quesito Inovação foi o que teve a menor nota no geral. “Isso significa que esta área é a menos vista nas práticas das empresas da região, que, portanto, têm um caminho grande a ser percorrido e há linhas de crédito disponíveis. Procuramos saber o quanto de linhas eles estavam buscando já que tem até crédito a fundo perdido. Uma das questões do hub da universidade é orientar as empresas para que elas possam ter acesso a essas linhas. Observamos que as empresas não utilizam as linhas com baixo juro. Comparando com a região de São Carlos, por exemplo, lá eles utilizam muito mais do que aqui”, explica Suzana.

Eduardo de Camargo Oliva cita como exemplo a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) tem o Programa de Investimentos na Pequena Empresa que busca projetos de inovação para serem desenvolvidos e futuramente comercializados. “Eles colocam dinheiro a fundo perdido, mas tem que mostrar para eles que aquilo tem futuro e que vai alavancar, algo que vai contribuir para a sociedade”. Em outubro a USCS vai fazer a divulgação de um edital da Fapesp para detalhar aos empresários como funciona esse crédito.

Notas

Apesar da inovação não estar exatamente na mira da maioria das empresas pesquisadas pelo estudo da USCS, no geral elas foram bem avaliadas. “Nenhuma empresa está em estado crítico, de simples sobrevivência ou se desestruturação. A nota média foi 6, para se ter uma ideia ela significa que a empresa está com sua rotina administrativa já estabilizada e pensando em fazer mudanças que buscam o aperfeiçoamento. Por outro lado não encontramos também empresa que estivesse no grau máximo, consolidada em modelo de gestão. A indústria ficou na média de notas entre 7 e 8, serviços e comércio ficaram na média 6”, conclui Oliva.