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Diabetes é o principal fator de risco para morte por infarto (44 notícias)

Publicado em 28 de setembro de 2022

Vários fatores já são conhecidos por aumentar o risco de ataque cardíaco, como glicose alta (hiperglicemia), obesidade, colesterol alto, hipertensão e tabagismo. E agora um estudo publicado na revista PLOS ONE mediu o impacto de cada um deles nas estatísticas de morte por doenças cardiovasculares. A hiperglicemia apresentou associação com esse desfecho cinco a dez vezes maior do que outros fatores.

Dados de fontes governamentais como os Ministérios do Desenvolvimento Social e da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrados entre 2005 e 2017. Os números foram comparados com informações de outros bancos, como o Global Health Data Exchange (GHDx) e o repositório do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da Universidade de Washington (EUA).

Usando métodos estatísticos, os pesquisadores determinaram o número de mortes atribuídas a cada fator de risco. O objetivo da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foi ajudar a encontrar estratégias mais eficazes para reduzir a incidência de doenças cardiovasculares – que ainda são as maiores causas de morte no país.

“Independentemente do controle que usamos – e testamos diferentes tipos de variáveis, modelos estatísticos e métodos – o diabetes sempre esteve associada à mortalidade por doença cardiovascular. Mais do que isso: é uma associação que não se restringiu ao ano analisado, mas durou até uma década”, explica Renato Gaspar, pós-doutorando do Laboratório de Biologia Vascular do Instituto do Coração (InCor), vinculado ao Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo (FM-USP).

Estudos anteriores estabeleceram uma equação para calcular o número de mortes evitadas ou adiadas devido a mudanças nos fatores de risco. Assim, também foi possível analisar as taxas de óbitos “prematuros”, calculadas em relação à expectativa de vida padrão. Os autores concluíram que cerca de 5.000 pessoas não teriam morrido por doenças cardiovasculares no período analisado se as taxas de diabetes fossem menores na população. Por outro lado, a pesquisa também levou à conclusão de que pelo menos 17 mil mortes foram evitadas apenas com a redução do consumo de cigarros nesses 12 anos.

“Nossas descobertas fornecem evidências de que as estratégias para reduzir o tabagismo foram fundamentais para reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares”, apontam os autores.

Outro ponto que chamou a atenção dos cientistas foi a diferenças de género. “As disparidades sexuais ecoam outros estudos que apontam para diabetes e hiperglicemia como fatores de risco mais fortes para doenças cardiovasculares em mulheres do que nos homens”, alertam.

Impacto socioeconômico

A mortalidade e a incidência de doenças cardiovasculares diminuíram 21% e 8%, respectivamente, entre 2005 e 2017 no Brasil. Além de reduzir o tabagismo, maior acesso a saúde basic é listado como um dos responsáveis ​​pela melhora dos índices. Essa observação levou em consideração a questão da hipertensão, muitas vezes associada a problemas cardíacos. No entanto, foi responsável por sete vezes menos mortes por doenças cardiovasculares do que a hiperglicemia. Uma das possibilidades é que o acesso ao sistema universal de saúde, com o aumento da cobertura da atenção primária, tenha elevado o índice de controle da hipertensão na população.

Esse achado é corroborado pelo fato de que a associação entre hiperglicemia e mortalidade por doença cardiovascular foi independente do nível socioeconômico e do acesso aos cuidados de saúde. Os pesquisadores inseriram covariáveis ​​nos modelos analisados ​​para contabilizar dados como renda familiar, Bolsa Família, produto interno bruto (PIB) per capita, número de médicos por habitante e cobertura de atenção primária.

“Além de aumentar a renda, diminuir a desigualdade e a pobreza e ampliar a qualidade e o acesso à saúde, precisamos olhar para o diabetes e a hiperglicemia de forma específica”, aponta Gaspar, lembrando que o país raramente tem discutido questões como o alto teor de açúcar consumo.

“Precisamos de uma política de educação nutricional. Debater se vale a pena colocar uma faixa em produtos açucarados com um alerta como em maços de cigarros, ou produtos fiscais com adição de açúcar a fim de incentivar as indústrias a reduzir este ingrediente. São questões que são amplamente debatidas em outros países e que precisam ser abordadas aqui.”

medicamentos capaz de reduzir a chance de o paciente diabético morrer de ataque cardíaco.