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Dia da Terra: coronavírus deixa lições de preservação (19 notícias)

Publicado em 22 de abril de 2020

Além de mudanças comportamentais, sociais e econômicas, pandemia tem ligação direta com intervenções no meio ambiente

A pandemia do novo coronavírus que afeta todos os continentes e estagnou o mundo pode estar relacionada à destruição da natureza e traz lições sobre vida e sobrevivência. O Comitê da Bacia do Rio Urussanga, de Santa Catarina, reuniu conteúdos que comprovam essa preocupação no Dia da Terra. O objetivo da entidade é mostrar os impactos do covid-19 para a sustentabilidade do planeta.

Considerada uma doença zoonótica, quando ocorre por transmissão de animais para seres humanos, o covid-19 é a comprovação de que existe um crescimento desse tipo de doenças. De acordo com a ONU, cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas. Diversos fatores estão associados a este aumento tais como desmatamento, tráfico ilegal de espécies e até produção intensiva de alimentos.

Conforme cientistas e especialistas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), evidências sugerem que surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continue a mudar. Segundo eles, a natureza está em crise e ameaçada devido a diferentes aspectos como a perda de biodiversidade e de habitat, o aquecimento global e a poluição tóxica.

Eles acreditam que a humanidade depende de ação imediata para alcançar um futuro sustentável e resiliente. A forma como estamos usando os recursos que o planeta nos oferece e a capacidade de regeneração da Terra são questões a serem reavaliadas pelos seres humanos e que precisam de mudanças comportamentais urgentes. O caminho é viver de maneira mais conectada ao meio ambiente.

Isolamento reduz poluição

O modo de viver da população mundial foi modificado para inibir a propagação do novo coronavírus. Menos viagens, diminuição do uso de transportes e até alterações nas atividades econômicas foram registradas durante as quarentenas aplicadas em vários países. Estas mudanças acarretaram na redução do trânsito e da poluição.

Um estudo de cientistas da Harvard apontou a tendência de casos mais graves de covid-19 em cidades poluídas. Problemas respiratórios, um dos sintomas causados pelo coronavírus, estão relacionados a questões como a poluição do ar.

- Compromete diretamente o sistema imunológico respiratório quando as partículas inaladas afetam os pulmões. Santa Catarina e outros estados do Sul estão sendo impactados por três problemas: temperaturas em declive, má qualidade do ar em alguns municípios e a pandemia do coronavírus. Essa combinação é perfeita para o agravamento das questões respiratórias. Queimadas, de empresas ou até mesmo de lixo doméstico ou em terrenos baldios, comprometem a qualidade do ar e consequentemente a saúde das pessoas - alerta o engenheiro químico Eduardo Nossi.

Profissionais da Universidade Johns Hopkins confirmaram melhorias drásticas nos níveis de poluição do ar observados no período de isolamento social. Satélites de monitoramento da Nasa e da Agência Especial Europeia (ESA) mostram a redução de emissão de poluentes vinculada à desaceleração econômica, principalmente de gases nocivos.

Estudo divulgado pela Forbes mostra que a quarentena, provavelmente, salvou 77 mil vidas na China com a queda da poluição do ar. Já em São Paulo, a FAPESP divulgou que dados atmosféricosmostram redução de 50%. Segundo a CNN, a cordilheira do Himalaia, na Índia, passou a ser vista a mais de 160 quilômetros de distância, fato que não ocorria há décadas. Os canais de Veneza, na Itália, apresentaram coloração da água mais clara e nítida sem turistas e barcos.

Porém os especialistas lamentam que estas reduções sejam efeitos positivos temporários, não duradouros e sem impactos de longo prazo. O cientista Carlos Nobre revelou à Rede Brasil do Pacto Global que o aumento da temperatura da terra pode colocar o mundo, futuramente, em estado constante de confinamento para evitar ambientes externos. Estimativas assinalam para um acréscimo de 3,2º na temperatura do planeta mesmo que, atualmente, todos os países cumpram com os pactos relacionados ao Acordo de Paris.