A floresta amazônica está correndo sério risco de se tornar um local com paisagem semelhante às de cerrado, com pouca vegetação e baixa biodiversidade.
O alerta foi publicado na revista Science Advances (link), no editorial de nome Amazon Tipping Point (em português Ponto de Inflexão Amazônia), assinado pelos cientistas Thomas E. Lovejoy, professor da Universidade Pública norteamericana George Mason University, e Carlos Nobre, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, que é apoiado pela FAPESP em parceria com o CNPQ.
Há tempos cientistas especulam qual o limite para um desmatamento ser irreversível. A questão sobre qual seria este ponto crítico de desmatamento no qual o ciclo hidrológico amazônico se degradaria de forma que não consiga mais sustentar as florestas tropicais vem sendo traçado desde 1970, com estudos destinados a verificar as possíveis mudanças de clima na Amazônia do professor Eneas Salati, descobriu-se que a Amazônia produzia metade de suas próprias chuvas.
Os primeiros apontamentos sobre a questão dizem que esse ponto de inflexão poderia ser a partir dos 40% de desmatamento da floresta amazônica. Já nas últimas décadas foram considerados outros fatores que impactam o ciclo hidrológico amazônico, como as mudanças climáticas e as queimadas feitas por pecuaristas em períodos secos para fazer lavouras e pastagens. O cálculo com os novos fatores indica que o ponto de inflexão seria atingido quando o desmatamento alcançar entre 20% e 25% da floresta original.
Este novo cálculo é surge a partir de um estudo, publicado em 2016 na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (link), realizado por Carlos Nobre juntamente com outros pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Segundo o professor, a Amazônia já tem 20% de área desmatada, e está muito próxima de atingir o limite irreversível.
Fonte: Agência FAPESP