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Desmatamento da diversidade de peixes começa nos rios da Amazônia | AGÊNCIA FAPESP (58 notícias)

Publicado em 23 de março de 2022

André Juliao| Agência FAPESP – O reposicionamento da floresta por meio de pastagens e culturas afeta diretamente os peixes da Amazônia. Em estudo publicado na revista Neotropical Ictiologia, pesquisadores do Brasil, Colômbia e Estados Unidos mostraram que um procedimento que se posiciona há décadas em espaços com longa história de desmatamento, como o estado de São Paulo, se repete agora em Rondônia, na chamada Arca do Desmatamento, onde a derrubada da floresta é recente.

Peixes sensíveis a mudanças no ambiente estão sendo substituídos por espécies mais resistentes ao impacto. Além da perda de biodiversidade, o fenômeno leva à perda dos propósitos ecológicos proporcionados por peixes ameaçados de extinção.

“Há especulações na ecologia de que os vertebrados terrestres sofreriam até 60% de perda de habitat antes de entrar no processo de declínio populacional e, em seguida, extinção local. Lendo peixes nos córregos, descobrimos que o componente da espécie tinha sofrido apenas 10% de perda de habitat. e que suas populações começaram a declinar em menos de dez anos após o início do desmatamento. Outros, no entanto, se beneficiam da perda de mais de 70% do habitat”, diz Gabriel Brejão, primeiro autor do estudo, que foi submetido a uma pós-doutorado no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade estadual de São Paulo (Ibilce-Unesp), em São José do Rio Preto.

Os efeitos estão no conhecimento coletado em 75 rios com diferentes graus de conservação na bacia do rio Machado, um dos afluentes da Madeira. Para avaliar o histórico de desmatamento das áreas, os pesquisadores consultaram fotografias de satélite da região tiradas entre 1984 e 2011.

“Com base em dados antigos, separamos espaços em bacias que nunca sofreram mudanças, aquelas que foram desmatadas por muito tempo e aquelas que se degradaram recentemente. Observamos que, onde o desmatamento é recente, a taxa de reposição de espécies [mais delicada para mais resistentes] é maior do que em espaços arborizado e em espaços com desmatamento antigo”, explica.

Parte do acervo e pesquisa das pinturas foi realizada por meio do pesquisador de doutorado, na mesma instituição, com bolsa da FAPESP.

A pintura é um dos efeitos da comissão “Peixes de córregos montanhosos na bacia do Rio Machado, RO”, financiada pela FAPESP e coordenada por Lilian Casatti, professora do Ibilce-Unesp.

A pesquisa também foi apoiada por meio de uma tarefa coordenada por Silvio Ferraz, professor da Escola superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e coautor do artigo.

Oeste de São Paulo e oeste da Amazônia

Casatti diz que sua organização tem trabalhado com peixes-rios no estado de São Paulo, que tem um histórico de mais de duzentos anos de uso extensivo da terra e substituição de florestas por culturas e gado.

“Eu procurei saber como seriam os fluxos em um lugar não tão alterado, pelo menos não há muito tempo. Mas quando chegamos a algumas questões em Rondônia, é que não tínhamos saído do oeste de São Paulo, devido à sedimentação, ao desmatamento das margens, à grama que invade o ambiente aquático”, lembra Casatti, que coordenou o estudo.

Os rios são suscetíveis ao desmatamento. Usados como criadouros de solo e viveiro para espécies que podem migrar para rios, esses corpos d’água também trazem outros nutrientes da floresta para os rios. Quando se trata das comunidades de peixes que vivem lá, uma floresta degradada tem vários impactos.

Além da sedimentação, que é a deposição de detritos do solo no fundo dos córregos, reduzir sua profundidade, exploração madeireira ou dossel florestal também permite o acesso a mais radiação solar, o que aumenta a expansão de plantas aquáticas indesejadas para determinadas espécies e aumenta a temperatura da água.

Há menos frutas, folhas e insetos que servem de alimento para os peixes, bem como galhos e troncos que servem de abrigo e até mesmo modulam a acidez da água, outra coisa que pode condicionar a presença ou ausência de determinadas espécies e funções ecológicas. Brincar.

“Desperdiçando espécies de bagres que raspam troncos que caem na água, por exemplo, você pode perder o processamento da matéria biológica. A perda de peixes insetívoros pode aumentar o número de insetos portadores de doenças. Peixes carnívoros como betrayra e dorado exercem pressão sobre espécies mais basais que podem se reproduzir descontroladamente sem predadores. A qualidade do habitat desempenha um papel muito importante na manutenção não só da diversidade de espécies, mas também das funções ecológicas”, explica Casatti.

“Nossos efeitos implicam que, em espaços de desmatamento mais recente, há um pool de espécies gigantes o suficiente para neutralizar a perda de função. Isso não significa que o que aconteceu em São Paulo necessariamente se repita em Rondônia. Esse é um sinal de que, nos processos iniciais de desmatamento, há um “tampão” da diversidade que retarda a perda de funções. Não sabemos por quanto tempo”, conclui Brejão.

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André Juliao| Agência FAPESP – O reposicionamento da floresta por meio de pastagens e culturas afeta diretamente os peixes da Amazônia. Em estudo publicado na revista Neotropical Ictiologia, pesquisadores do Brasil, Colômbia e Estados Unidos mostraram que um procedimento que se posiciona há décadas em espaços com longa história de desmatamento, como o estado de São Paulo, se repete agora em Rondônia, na chamada Arca do Desmatamento, onde a derrubada da floresta é recente.

Peixes sensíveis a mudanças no ambiente estão sendo substituídos por espécies mais resistentes ao impacto. Além da perda de biodiversidade, o fenômeno leva à perda dos propósitos ecológicos proporcionados por peixes ameaçados de extinção.

“Há especulações na ecologia de que os vertebrados terrestres sofreriam até 60% de perda de habitat antes de entrar no processo de declínio populacional e, em seguida, extinção local. Lendo peixes nos córregos, descobrimos que o componente da espécie tinha sofrido apenas 10% de perda de habitat. e que suas populações começaram a declinar em menos de dez anos após o início do desmatamento. Outros, no entanto, se beneficiam da perda de mais de 70% do habitat”, diz Gabriel Brejão, primeiro autor do estudo, que foi submetido a uma pós-doutorado no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade estadual de São Paulo (Ibilce-Unesp), em São José do Rio Preto.

Os efeitos estão no conhecimento coletado em 75 rios com diferentes graus de conservação na bacia do rio Machado, um dos afluentes da Madeira. Para avaliar o histórico de desmatamento das áreas, os pesquisadores consultaram fotografias de satélite da região tiradas entre 1984 e 2011.

“Com base em dados antigos, separamos espaços em bacias que nunca sofreram mudanças, aquelas que foram desmatadas por muito tempo e aquelas que se degradaram recentemente. Observamos que, onde o desmatamento é recente, a taxa de reposição de espécies [mais delicada para mais resistentes] é maior do que em espaços arborizado e em espaços com desmatamento antigo”, explica.

Parte do acervo e pesquisa das pinturas foi realizada por meio do pesquisador de doutorado, na mesma instituição, com bolsa da FAPESP.

A pintura é um dos efeitos da comissão “Peixes de córregos montanhosos na bacia do Rio Machado, RO”, financiada pela FAPESP e coordenada por Lilian Casatti, professora do Ibilce-Unesp.

A pesquisa também foi apoiada por meio de uma tarefa coordenada por Silvio Ferraz, professor da Escola superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e coautor do artigo.

Oeste de São Paulo e oeste da Amazônia

Casatti diz que sua organização tem trabalhado com peixes-rios no estado de São Paulo, que tem um histórico de mais de duzentos anos de uso extensivo da terra e substituição de florestas por culturas e gado.

“Eu procurei saber como seriam os fluxos em um lugar não tão alterado, pelo menos não há muito tempo. Mas quando chegamos a algumas questões em Rondônia, é que não tínhamos saído do oeste de São Paulo, devido à sedimentação, ao desmatamento das margens, à grama que invade o ambiente aquático”, lembra Casatti, que coordenou o estudo.

Os rios são suscetíveis ao desmatamento. Usados como criadouros de solo e viveiro para espécies que podem migrar para rios, esses corpos d’água também trazem outros nutrientes da floresta para os rios. Quando se trata das comunidades de peixes que vivem lá, uma floresta degradada tem vários impactos.

Além da sedimentação, que é a deposição de detritos do solo na parte de trás dos cursos d’água, reduzindo sua profundidade, aliviando ou removendo o dossel florestal também acessando mais radiação solar, o que aumenta a expansão de plantas aquáticas indesejadas para algumas espécies e aumenta a temperatura da água.

Há menos frutas, folhas e insetos que servem de alimento para os peixes, bem como galhos e troncos que servem de abrigo e até mesmo modulam a acidez da água, outra coisa que pode condicionar a presença ou ausência de determinadas espécies e funções ecológicas. Brincar.

“Desperdiçando espécies de bagres que raspam troncos que caem na água, por exemplo, você pode perder o processamento da matéria biológica. A perda de peixes insetívoros pode aumentar o número de insetos portadores de doenças. Peixes carnívoros como betrayra e dorado exercem pressão sobre espécies mais basais que podem se reproduzir descontroladamente sem predadores. A qualidade do habitat desempenha um papel muito importante na manutenção não só da diversidade de espécies, mas também das funções ecológicas”, explica Casatti.

“Nossos efeitos implicam que, em espaços de desmatamento mais recente, há um pool de espécies gigantes o suficiente para neutralizar a perda de função. Isso não significa que o que aconteceu em São Paulo necessariamente se repita em Rondônia. Esse é um sinal de que, nos processos iniciais de desmatamento, há um “tampão” da diversidade que retarda a perda de funções. Não sabemos por quanto tempo”, conclui Brejão.

Este texto foi originalmente publicado pela Agência FAPESP sob a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.