Notícia

Gazeta Mercantil

Desenvolvimento através de parceria com universidade

Publicado em 26 junho 1995

Por Ivone Santana - de Florianópolis
Qualificação de funcionários e intercâmbio de tecnologia são os principais ganhos que a Cerâmica Portobello S.A., de Tijucas, a 46 quilômetros de Florianópolis, Santa Catarina, tem obtido por meio de parcerias com universidades. As alianças resultarão no lançamento de um manual de assentamento de produto cerâmico, em CD-ROM, e na criação de um curso de tecnologia cerâmica de nível superior, que poderá entrar em operação no próximo ano. Para a Cicloflex Indústria e Comércio de Artefatos de Borracha Ltda., da Grande Florianópolis, a aliança com a universidade rendeu o desenvolvimento de equipamento para produzir câmaras de bicicletas padronizadas. Os manuais da Portobello eram feitos em papel, para a compreensão de qualquer mestre-de-obras. Entretanto, a cerâmica, hoje, é assentada em lugares novos e a tecnologia para a aplicação evoluiu, explica o diretor-superintendente da empresa. Mauro do Valle Pereira. "Há tecnologia de construção civil feita em placas de pré-moldados para depois levantar a parede", exemplifica ele. Com cinco modalidades de assentamento, os novos manuais estão sendo criados pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e são dirigidos a engenheiros e arquitetos de grandes obras, como shopping centers e aeroportos. Nesses locais, a cerâmica é mais castigada pela alta freqüência de público e requer diferenciação. Pode ser utilizada uma peça antiácida, que não acumula sujeira e resíduos. O trabalho vem sendo executado há seis meses. Pereira não revela o valor do projeto, argumentando que há itens que não são mensuráveis, como alunos bolsistas que estão colaborando. De uma forma geral, diz que os gastos com a UFSC oscilam entre US$ 2 mil e US$ 50 mil, dependendo do projeto. CURSO SUPERIOR A Portobello está colaborando também com duas universidades para a elaboração de cursos de nível superior em cerâmica. Na Univalle, de Itajaí, a 92 quilômetros de Florianópolis, está sendo elaborada a primeira versão do curso para operação em 1996, enquanto na Fundação Universidade de Criciúma ele já existe, mas passa por revisão de conteúdo programático. Pereira afirma que esses cursos são pioneiros no País e o que mais se aproxima é o da Universidade de São Carlos, em São Paulo, com Engenharia de Materiais, que é genérico. A empresa contribui com a transferência de sua experiência no setor cerâmico, por intermédio de seus técnicos, opinando sobre currículo e informando suas necessidades. A Cicloflex, fabricante de pneus de competição com câmara embutida, para bicicletas, recorreu à UFSC para desenvolver equipamentos para fabricar esses produtos, com aumento da produção e eliminação de perdas. O sócio da empresa, Milton Carlos Delia Giustina, diz que com a fabricação manual já perdeu até 100% de um lote, por falta de controle. As peças não tinham padrão e o resultado dependia do funcionário. O desenvolvimento da máquina, que é semi-automática, custou R$ 2,6 mil. A empresa arcou com 30% do valor e o Sebrae com 70%, por se tratar de nova tecnologia. Serão produzidas outras cinco máquinas, para o segundo semestre, por R$ 1,65 mil, no total.