Instituto Butantan fabricará 60 milhões de doses anuais da vacina de dose única, que será disponibilizada pelo SUS a partir de 2026
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciaram na terça-feira, 25, acordo para produção em larga escala da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue , desenvolvida pelo Instituto Butantan com apoio não reembolsável de R$ 97,2 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A partir do ano que vem, serão disponibilizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) 60 milhões de doses anuais, com o objetivo de atender a população elegível pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2026 e 2027 e possível ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva.
Resultante de parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, a vacina será produzida por meio do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) do Ministério da Saúde, que já foi aprovado e está em fase final de desenvolvimento tecnológico. A medida ampliará em 50 vezes a capacidade produtiva e de oferta do imunizante.
De dose única, a vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Testes clínicos publicados no ano passado no New England Journal of Medicine , uma das mais prestigiosas revistas científicas do mundo, mostram que o imunizante apresentou 90% de eficácia em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% dos 7 aos 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos.
Sob a coordenação do Ministério da Saúde, por meio do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, o projeto contou com apoio do BNDES no financiamento da pesquisa clínica e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quanto à análise do pedido de registro, que contempla a população de 2 a 59 anos. Os recursos do Banco, oriundos do Fundo Tecnológico (BNDES Funtec), correspondem a 31% do total investido no projeto.
O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, rememorou a longa tradição do suporte ao fortalecimento do complexo industrial e de serviços da saúde. “Temos um histórico de apoio que vem desde o desenvolvimento dos genéricos, com o Profarma, depois a vários projetos de inovação, a vacinas e aos biotecnológicos. Em 2024 batemos o recorde de apoio para fármacos, com R$ 2 bilhões em crédito aprovados, o maior valor registrado desde 1995”, afirmou.
Para o superintendente da Área de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do Banco, João Pieroni, o apoio do BNDES ao desenvolvimento do imunizante é uma aposta na ciência brasileira. “Apoiamos a vacina do Butantan desde 2008, quando os recursos do Banco viabilizaram o processo de liofilização da vacina – a transformação dela em pó para ser levada aos lugares mais longínquos sem a necessidade de uma cadeia de frios, o que encarece o processo”, lembrou. “É um orgulho como funcionário do Banco ver um apoio tão significativo se transformado em resultado. Agora, com o anúncio do Ministério da Saúde, esperamos ver em breve a vacina disponibilizada pelo SUS para população brasileira como umas principais medidas de prevenção à dengue”.
Apoio à saúde
O BNDES aprovou no ano passado R$ 4,8 bilhões e, apoio ao complexo industrial e de serviços da saúde. O valor representa crescimento de 140% sobre os números de 2023 e de 280% na comparação com as aprovações de 2022. Desde janeiro de 2023, o valor aprovado soma R$ 6,8 bilhões, recorde histórico. Esse número supera as aprovações para o setor da saúde no período de 2019 a 2022.