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Descubra o Novo Exame de Peixe Fóssil Vivo que Revoluciona a Compreensão da Evolução Craniana dos Vertebrados (5 notícias)

Publicado em 01 de maio de 2025

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Celacanto: Um Fóssil Vivo Revela Novas Descobertas Evolutivas O celacanto, conhecido como “fóssil vivo”, possui uma anatomia que mudou pouco nos últimos 65 milhões de anos.

Este peixe intrigante, apesar de ser um dos mais estudados, continua a surpreender a comunidade científica. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Smithsonian Institution, nos EUA, publicaram nesta semana um estudo na Science Advances que desafia conceitos estabelecidos sobre a evolução dos vertebrados.

Um exame detalhado da musculatura craniana do celacanto africano (Latimeria chalumnae) revelou que apenas 13% das evoluções musculares antes identificadas nas maiores linhagens de vertebrados estão corretas. O estudo identificou nove novas transformações relacionadas a inovações na alimentação e respiração desses grupos.

Aléssio Datovo, professor do Museu de Zoologia da USP e líder do estudo, destaca que o celacanto é mais semelhante aos peixes cartilaginosos e tetrápodes do que se imaginava, e mais distinto dos peixes de nadadeira raiada, que representam cerca de metade dos vertebrados vivos.

Entre as descobertas, está a correção sobre músculos que seriam responsáveis pela expansão da cavidade bucofaringeana, diretamente ligados à captura de alimento e respiração. O estudo revelou que esses supostos músculos eram, na verdade, ligamentos, incapazes de contração.

Os peixes de nadadeira raiada (actinopterígeos) e os de nadadeira lobada (sarcopterígeos) se separaram de um ancestral comum há cerca de 420 milhões de anos. Os sarcopterígeos incluem espécies como o celacanto, que compartilham um ancestral aquático com todos os tetrápodes.

Os peixes de nadadeira raiada, como as carpas, possuem a habilidade de sugar alimentos, conferindo-lhes uma vantagem evolutiva significativa. Essa capacidade é ausente em celacantos e tubarões, que se alimentam primordialmente mordendo.

Datovo enfatiza que a visão anterior dos músculos em celacantos como um ancestral comum dos vertebrados ósseos foi equivocada, e essa capacidade de sucção surgiu muito mais tarde na evolução.

Os celacantos são extremamente raros, habitando águas a cerca de 300 metros de profundidade, o que contribui para sua conservação e lentas mudanças genéticas. Descobertos apenas em 1938 após milhões de anos desaparecidos nos registros fósseis, os pesquisadores enfrentaram desafios para obter espécimes para dissecção.

O estudo não apenas corrige erros em pesquisas anteriores, mas também amplia a compreensão da evolução craniana entre vertebrados. A dissecção cuidadosa dos espécimes permite a preservação das estruturas para futuros estudos, evitando a necessidade de novas dissecações.

Utilizando microtomografia em 3D, os pesquisadores compararam a musculatura craniana do celacanto com a de outros grupos de peixes, elucidando a evolução desses músculos nos primeiros vertebrados. O artigo completo, “Coelacanths illuminate deep-time evolution of cranial musculature in jawed vertebrates”, pode ser acessado aqui

Conclusão

As novas descobertas sobre o celacanto não só redefinem a compreensão da evolução dos vertebrados como também destacam a importância de estudos detalhados em evolução comparativa. À medida que a pesquisa avança, mais segredos sobre a história evolutiva dos vertebrados podem ser revelados.

Informações da Agência FAPESP