Os cães são parceiros da humanidade há cerca de 15.000 – 30.000 anos, tendo sido o seu processo evolutivo moldado às necessidades humanas (Seleção artificial). Nos últimos anos, esses animais se tornaram parte das famílias, em alguns casos, substituindo até mesmo os filhos. Considerando a proximidade e afetividade que regem as relações humanos – cachorros, muitas comparações e analogias são feitas entre as duas espécies, como seu comportamento e a maneira como contamos suas idades.
Evidentemente, assim como todos outros mamíferos, humanos e cachorros possuem estágios de vida semelhantes: embriogênese (período uterino), nascimento, infância, juventude, adolescência, maturidade e senescência. Apesar de serem fases comuns, o desenvolvimento e o envelhecimento, ocorrem em estágios diferentes entre as espécies. Acredita-se, por exemplo, que 1 ano de vida canina, represente 7 anos de vida humana.
Contudo, uma pesquisa recente desenvolvida na Universidade da Califórnia, demonstrou que tal consenso popular está equivocado. Através de amostras de sangue de 104 cães, da raça labrador, os cientistas coletaram e analisaram partes do seu DNA (que indicam, de forma precisa, a idade das células, tecidos e organismos) e concluíram que, apesar de haver uma correlação entre as idades dos cachorros e dos humanos, ela não é linear ( ou seja, não varia sempre de 7 em 7 anos caninos para cada 1 ano humano).
Ao invés de linear, a pesquisa evidenciou que a curva de envelhecimento dos cachorros quando comparada ao envelhecimento humano, segue o modelo logarítmico: os cães envelhecem mais rapidamente nos primeiros anos de vida e posteriormente, o processo desacelera. Logo, a cronologia canina segue o seguinte padrão: 1 ano de idade, equivale a 30 anos humanos; 2 anos equivale a 42; 4 anos equivalem a 52; aos 7 anos, chegam ao equivalente a 60 anos humanos e é nesse momento em que o processo de envelhecimento desacelera (Como mostra a tabela destacada no início do artigo). Agora, fica possível compreender como um cão de cerca de 9 meses já possui maturidade biológica para a procriação, não é mesmo?
Você agora pode estar se perguntando sobre a importância de um estudo desse tipo. Sobre isso, os cientistas explicaram ainda que, o fato de os cães compartilharem quase todos os aspectos ambientais com os seres humanos, incluindo fatores que podem ser associados ao envelhecimento como a alimentação e exposição a produtos químicos. Nesse sentido, compreender o processo de senescência desses animais pode representar grandes avanços científicos, por exemplo, na avaliação e desenvolvimento de medicamentos antienvelhecimento, para humanos.
Referências:
Wang, T.; Ma, J.; Hogan, A. N.; Bannasch, D. L.; Ostrander, E. A.; Ideker, T. QuantitativeTranslationofDog-to-HumanAgingbyConservedRemodelingofthe DNA Methylome. Cell Systems 11, 176–185August 26, 2020 ª 2020 Elsevier Inc.https://doi.org/10.1016/j.cels.2020.06.006.
Jokura, T. A real idade dos cães. Pesquisa FAPESP, 01 de setembro de 2020. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/a-real-idade-dos-caes/> . Acesso em: 26/10/2020.
Apoio divulgação científica: Samara Autopeças e Jornal Barbacena Online
Por Vitória Oliveira, licenciada em Ciências Biológicas e membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Barbacena e Delton Mendes Francelino, coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana, do IF Barbacena.