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POP (Portugal)

Descobertos genes que impedem morte de células cancerígenas

Publicado em 01 julho 2011

Uma nova pesquisa, com resultados publicados esta sexta-feira na revista Science, identificou dois genes que estão envolvidos nessa maior durabilidade das células cancerígenas, avança o Diário da Saúde, citando a Agência Fapesp.

O estudo foi feito por cientistas nos EUA em parceria com duas cientistas brasileiras: a investigadora Sueli Mieko Oba-Shinjo e a professora Suely Kazue Nagahashi Marie, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Encurtamento dos telómeros

O envelhecimento celular é determinado pelo mecanismo molecular caracterizado pelo encurtamento do telómero - parte da sequência de ADN que protege as extremidades dos cromossomas.

Nesse mecanismo, os telómeros activam a enzima telomerase, que provoca o seu encurtamento. Mas isso não ocorre em células cancerígenas, uma vez que elas não produzem essa enzima.

O estudo revela uma nova via em células cancerígenas – independente da telomerase - para a manutenção do comprimento do telómero.

O trabalho identificou, por meio de uma técnica de marcação histológica molecular chamada "hibridização in-situ com marcadores fluorescentes específicos de telómeros" (FISH, em inglês), dois genes encontrados com alta-frequência em tumores, denominados ATRX e DAXX.

Esses genes são responsáveis por manter o comprimento dos telómeros, evitando o envelhecimento das células cancerígenas.

Mutações genéticas

"Alguns dos mecanismos das células cancerígenas são o aumento da proliferação, da migração e a ausência da apoptose [morte celular programada ou renovação celular]", disse Marie.

Segundo a investigadora, nos genes ATRX e DAXX foram detectadas mutações - por sequenciação ou por imunomarcação - em alguns tipos de cancro. "Todos os genes com uma grande alteração na sequência tinham o telómero mais preservado, o que justifica um dos mecanismos do processo de cancro", contou.

Essa mutação foi detectada pela primeira vez em carcinomas de pâncreas, como descreve o artigo na Science. Mas o grupo também identificou a mutação em outros 447 tipos de cancro, entre deles o glioblastoma multiforme – tumor maligno que ataca o sistema nervoso central e atinge tanto crianças como adultos – e o oligodendroglioma – que também ataca o sistema nervoso e tem origem na célula oligodendroglial.

Evitar o crescimento do tumor

Para os investigadores, o objectivo a ser atingido com esses marcadores é o de detectar a doença o quanto antes para que seja possível evitar o crescimento do tumor sólido.

"Essas são mutações genéticas que só existem nos tumores. Se conseguirmos rastreá-las durante a evolução do paciente será possível saber, precocemente, se o tumor voltou ou se está crescendo", disse Marie.

Esse conhecimento poderá ser aplicado em novas terapias contra o cancro.