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Descoberto o mecanismo de produção de calor do teiú, o primeiro lagarto capaz de se aquecer autonomamente (17 notícias)

Publicado em 26 de julho de 2024

Um grupo de cientistas apoiado pela FAPESP descobriu um mecanismo inovador que permite ao teiú (Salvator merianae) utilizar o calor do próprio corpo para se aquecer durante o período reprodutivo, algo inédito em répteis. Os resultados foram publicados na revista Acta Physiologica, da Sociedade Escandinava de Fisiologia.

A primeira autora do estudo, Livia Saccani Hervas, que realizou a pesquisa durante sua iniciação científica na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV-Unesp), explicou que a capacidade de regular a própria temperatura, conhecida como endotermia, geralmente é atribuída a aves e mamíferos, enquanto répteis e outros animais são considerados ectotérmicos, dependendo da temperatura externa para regular a temperatura corporal.

Em 2016, um outro grupo de cientistas apoiado pela FAPESP descobriu que os teiús mantinham a temperatura corporal mais elevada durante o período reprodutivo, em comparação com as tocas onde se abrigavam durante a noite. No entanto, o mecanismo exato por trás desse fenômeno permanecia desconhecido.

Durante três anos, a equipe de pesquisa coletou biópsias do músculo esquelético de teiús durante diferentes estações do ano, analisando a presença de mitocôndrias e a atividade de proteínas como a ANT, relacionada à produção de calor em aves. Os resultados indicaram que tanto machos quanto fêmeas de teiú aumentavam a produção de mitocôndrias e ativavam a ANT durante o período reprodutivo.

Essa descoberta sugere que mecanismos de regulação de temperatura interna podem ser mais comuns em répteis do que se pensava anteriormente. O estudo abre novas portas para a compreensão da capacidade de termorregulação em animais ectotérmicos e destaca a importância dos hormônios sexuais e da tireoide nesse processo.

O trabalho, liderado pela professora Kênia Cardoso Bícego, da FCAV-Unesp, contou com a participação de outros pesquisadores, como Marcos Túlio de Oliveira, Ane Guadalupe Silva, Lara do Amaral Silva e Marina Rincon Sartori. O artigo completo pode ser acessado em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/apha.14162.

Informações da Agência FAPESP