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Jornal SP Norte

Descoberta de mecanismo imune envolvido na covid-19 pode indicar novo tratamento

Publicado em 24 junho 2020

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobriram que pacientes com forma grave de coronavírus (covid-19) desenvolvem uma resposta inflamatória descontrolada e lesiva ao organismo semelhante a de pacientes com em caso de sepse (infecção no sangue). Segundo especialistas, o achado pode indicar caminho para um tratamento da doença.

Os experimentos foram conduzidos no Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID) da USP e foi detalhado em um artigo divulgado na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares.

A descoberta abre caminho para novas abordagens terapêuticas, entre elas, o reposicionamento de um fármaco hoje usado contra fibrose cística – cujo princípio ativo é uma enzima chamada DNase – para o tratamento da infecção pelo novo coronavírus.

“Nos testes in vitro, feitos com o plasma sanguíneo de pacientes internados com COVID-19 grave, a DNase se mostrou capaz de desativar esse mecanismo imunológico que pode causar lesões em órgãos vitais. Agora estamos avaliando com o laboratório farmacêutico que produz o medicamento a viabilidade de iniciar um ensaio clínico”, conta Fernando de Queiroz Cunha, coordenador do CRID – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).

A sepse é uma inflamação sistêmica geralmente desencadeada por uma infecção bacteriana localizada que saiu de controle. Para combater essa infecção, o sistema imune acaba prejudicando o próprio organismo. Nas formas mais graves, os pacientes desenvolvem lesões que comprometem o funcionamento de órgãos vitais.

“Por ser uma infecção viral, o processo inicial da covid-19 é diferente. Mas, a partir de certo momento, o quadro se torna muito semelhante ao da sepse. Os mediadores inflamatórios são os mesmos e observamos que, nos dois casos, há participação das NETs [armadilhas extracelulares neutrofílicas, na sigla em inglês]”, diz Cunha.

Fonte: Fapesp