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Desafios e soluções para a transição energética no setor de transporte são debatidos em evento (10 notícias)

Publicado em 09 de dezembro de 2024

Especialista aponta híbridos plug-in e biocombustíveis como alternativas viáveis para descarbonizar a mobilidade global

A transição energética no setor de transportes, especialmente no segmento rodoviário, ainda está longe de se concretizar. Em uma década, entre 2011 e 2021, a participação de fontes renováveis no consumo energético global sobre pneus cresceu de apenas 2,6% para 3,9%, um avanço considerado ínfimo diante das urgências da crise climática. “O transporte ainda está profundamente vinculado ao petróleo”, afirmou Luiz Augusto Horta Nogueira, pesquisador e professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), durante a 10ª Conferência FAPESP 2024.

Horta Nogueira defendeu soluções híbridas como resposta à necessidade de descarbonização do setor de transportes, que atualmente conta com cerca de 1,4 bilhão de veículos no mundo, sendo 100 milhões deles no Brasil. Ele argumentou que os veículos híbridos, que combinam motores a combustão e elétricos, oferecem vantagens significativas, como maior eficiência energética e menor impacto ambiental no ciclo de vida.

“A substituição completa dos motores a combustão interna por veículos elétricos puros em curto prazo não é realista. Precisamos de soluções intermediárias, como os híbridos, que aproveitam o melhor de dois mundos”, destacou o pesquisador.

Os veículos híbridos plug-in foram apontados como a alternativa mais promissora, especialmente quando associados ao uso de biocombustíveis, como o etanol. Esses modelos permitem recarga tanto interna, com o motor a combustão, quanto externa, em tomadas ou estações de carregamento, e têm potencial para reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.

O etanol como protagonista na mobilidade sustentável O pesquisador enfatizou as vantagens do etanol em comparação com a gasolina, especialmente em motores de ciclo Atkinson, utilizados em veículos híbridos. “O etanol possui maior resistência à detonação e eficiência térmica, o que resulta em desempenho superior. Além disso, é um combustível amplamente utilizado em mais de 70 países, e o Brasil lidera esse mercado com tecnologia avançada e experiência consolidada”, ressaltou.

Além dos benefícios ambientais, o etanol tem impacto positivo na economia e na sociedade. Segundo Horta Nogueira, sua produção gera até seis vezes mais empregos por unidade de energia em comparação aos combustíveis fósseis, além de contribuir para o desenvolvimento regional e a fixação de populações no campo.

Obstáculos e políticas públicas necessárias Apesar das vantagens, o pesquisador alertou para os desafios na expansão do uso de etanol e de veículos híbridos. Entre os principais obstáculos estão a distribuição desigual do biocombustível, a dependência de fertilizantes importados na produção agrícola e a competição com combustíveis sintéticos em mercados internacionais.

Ele também criticou políticas públicas que favorecem exclusivamente veículos elétricos puros, sem considerar o impacto ambiental completo do ciclo de vida das baterias. “É essencial que políticas públicas reconheçam as vantagens do etanol e incentivem sua utilização, tanto no Brasil quanto globalmente. A hibridação é o caminho mais lógico para reduzir as emissões no setor de transportes”, afirmou.

Horta Nogueira destacou ainda o potencial de países da África Subsaariana e da América Latina para expandir a produção sustentável de biocombustíveis. Segundo ele, maior cooperação internacional é necessária para superar barreiras políticas e econômicas que dificultam o uso mais amplo do etanol.

Brasil como líder na transição global Com iniciativas como o RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis, o Brasil já possui instrumentos para certificar a sustentabilidade da produção de etanol e consolidar sua liderança no mercado de biocombustíveis. “O futuro da mobilidade está em nossas mãos, e o Brasil tem todas as condições para ser protagonista nessa transformação global”, concluiu o pesquisador.

A conferência, que foi a última da série de 2024, contou com a presença de especialistas renomados e pode ser assistida na íntegra no canal oficial da FAPESP no YouTube.

www.youtube.com/watch?v=D3tov6CeRvA&t=293s.

Redação com informações da FAPESP