Segundo maior produtor de gás natural do mundo (atrás apenas da Rússia), os EUA querem minimizar as perdas por vazamentos decorrentes da exploração do energético. O gás natural vem sendo intensivamente usado no País para gerar energia em substituição ao carvão, ajudando a reduzir a pegada carbônica energética. Mas o desafio dos vazamentos de gás, cujo principal componente é o metano, um poderoso gerador de efeito estufa, ainda é uma grande preocupação dos cientistas e das instâncias envolvidas na cadeia do produto.
“Se quisermos reduzir paulatinamente nosso uso intensivo de fósseis até eventualmente chegarmos aos renováveis, o gás natural nos traz uma oportunidade de, talvez, ser um combustível de transição, pois não há dúvida de que, quando o queimamos, liberamos menos dióxido de carbono para a atmosfera. O desafio é que o metano, principal componente do gás natural, é um poderoso gerador de efeito estufa. E a ciência e as políticas públicas e regulamentações necessárias para seu uso são bastante complexas”, resume Dave Allen, professor de engenharia química da Universidade do Texas, em Austin (EUA), e um dos palestrantes da Sustainable Gas Research & Innovation Conference, que aconteceu entre os dias 27 e 28 de setembro, em São Paulo.
A preocupação de Allen e seus colegas pode ser traduzida em números. “Se 1% a 3% do gás que retiramos do chão vazar, antes de usarmos, então perdemos toda essa vantagem que ele tem como um combustível de baixo carbono.” Segundo Allen, uma estimativa média aponta um vazamento de 2% de todo o gás retirado. “Ou seja: já perdemos boa parte dessa vantagem. O que mais sabemos? Bem, sabemos que a média não diz a história toda. O que temos é uma situação em que uma pequena parte das instalações é responsável por grande parte das emissões.”
Encontrar essas grandes emissoras é um grande desafio tecnológico. “De todas as instalações que usam gás, como encontrar os grandes vazamentos de metano? Isso requer tecnologia e há muitas pesquisas em curso nos EUA hoje em dia.”
Sobre o evento: A conferência Sustainable Gas Research Innovation 2016 reuniu cerca de 140 pesquisadores do Sustainable Gas Institute (SGI), do Imperial College London, da Inglaterra, e do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural (Research Centre for Gas Innovation – RCGI na sigla em inglês), do Brasil. No encontro, eles discutiram projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) para explorar e definir o papel do gás natural na matriz energética mundial, incluindo novas tecnologias e aplicações, e novas maneiras de diminuir a emissão de gases de efeito estufa. O evento foi realizado nos dias 27 e 28 de setembro, em São Paulo. Mais informações em http://www.rcgi.poli.usp.br/events-2016/sustainable-gas-research-innovation-2016/
Sobre o RGCI: O Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural (Research Centre for Gas Innovation – RCGI) é um centro de excelência em pesquisa sobre gás natural que reúne cerca de 40 docentes e 200 pesquisadores de várias instituições do Estado de São Paulo. Sediado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o RCGI tem hoje 29 projetos de pesquisa em andamento. Até 2020, a previsão é que sejam investidos R$ 100 milhões nesses projetos. Os recursos vêm da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do BG Group/Shell. http://www.rcgi.poli.usp.br/
Sobre o SGI: O Sustainable Gas institute do Imperial College London foi criado em parceria com o Grupo BG, hoje denominado Royal Dutch Shell plc. O objetivo do Instituto é estudar o papel do gás natural, no cenário global de energia, em seus aspectos ambiental, econômico e tecnológico. As pesquisas do Instituto são focadas em modelagem de sistemas de energia, abordando questões chave relacionadas com a sustentabilidade do gás natural com base em evidências da literatura científica e de documentos técnicos. http://www.sustainablegasinstitute.org/
Fonte: TN Petróleo