Recentemente, o The New England Journal of Medicine, uma das mais relevantes publicações médicas do mundo, publicou os resultados do estudo clínico de fase três da vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan
Recentemente, o The New England Journal of Medicine, uma das mais relevantes publicações médicas do mundo, publicou os resultados do estudo clínico de fase três da vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, chamado “Live, Attenuated, Tetravalent Butantan-Dengue Vaccine in Children and Adults”. Nele, está sendo reconhecido o potencial científico da vacina produzida pelo Instituto, reforçando que, muito brevemente, ela deverá estar disponível para a população brasileira.
O atual presidente do Conselho de Curadores da Fundação Butantan e diretor Científico da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Carmino Antônio de Souza, em publicação ao jornal Hora Campinas, explica que durante muito tempo acreditou-se que as doenças tropicais não teriam força suficiente para avançar para o hemisfério norte, mas o que vem se observando é o contrário, uma vez que países como Estados Unidos, França e Itália já apresentaram surtos de dengue, zika e chikungunya.
Neste sentido, o especialista demonstra que o Instituto está prosseguindo na disponibilização da vacina – que já tem aprovação para pacientes adultos no FDA (Foods and Drugs Administration) dos Estados Unidos –, e segue em fase final para crianças e adolescentes no Brasil.
Ele também pontua o que os resultados obtidos por meio do estudo representam: “A qualidade metodológica e os números inquestionáveis de voluntários pacientes. Foram mais de 16 mil que receberam a vacina com um grupo de controle de quase seis mil pessoas. Destes, aproximadamente 50% não tiveram evidência de infecção prévia de dengue. É um aspecto que eu sempre destaquei como muito importante, a vacina demonstrou ser altamente segura. Devemos lembrar sempre que a taxa de mortalidade da dengue, felizmente, é baixa – experiência inferior a 0,01%”.
Desdobramentos De acordo com Souza, um importante panorama a respeito da vacina da dengue produzida pelo Instituto Butantan é que, conforme analisado no estudo, o imunizante demonstra eficiência com uma única aplicação, sendo apenas uma dose suficiente o bastante para garantir proteção a longo prazo, inicialmente.
“Só o monitoramento pós-estudo poderá definir isto. Mas, certamente, é longo suficiente e por muitos anos. Os dados de monitoramento em dois anos mostram a permanência da proteção em níveis adequados. Vamos ver agora se isto permanecerá. Fazer uma só injeção é mais uma vantagem potencial sobre as vacinas disponíveis no mercado, pois elimina a necessidade de uma segunda injeção ou mais”, descreve.
Além disso, ele também destaca que é importante salientar que se trata de uma vacina tetravalente. Ou seja, durante o decorrer de toda a testagem, os tipos 3 e 4 da dengue não estiveram em circulação, impossibilitando a testagem dos imunizantes para estas determinadas variantes, deixando que elas sejam submetidas a estudos futuros.
“Em resumo, uma única dose da Butatan-DV foi eficaz em crianças e adultos entre as idades de dois a 59 anos. O objetivo primário foi obtido e a eficácia foi de, aproximadamente, 80% para a proteção contra a dengue sintomática e com a presença viral confirmada. Esta proteção é longa e satisfatória. Estes dados são extremamente importantes para que esta vacina continue a ser desenvolvida e seja produzida o quanto antes no Brasil. Parabéns a toda a comunidade do Instituto Butantan por esta extraordinária conquista da Ciência brasileira”, complementa.