A dengue segue sendo uma preocupação constante no Brasil, com milhares de casos registrados anualmente e um aumento expressivo de internações e mortes, principalmente entre idosos.
Para conter essa ameaça, o Instituto Butantan anunciou a produção da primeira vacina nacional contra a doença, chamada Butantan-DV. O imunizante representa um avanço significativo ao oferecer proteção em apenas uma dose, o que pode ampliar a cobertura vacinal e facilitar campanhas de imunização.
Além da dose única, a produção da vacina em território nacional reduz a dependência de laboratórios estrangeiros e minimiza riscos de desabastecimento.
Contudo, mesmo com a entrega de 60 milhões de doses prevista para 2025, a quantidade ainda não será suficiente para imunizar toda a população. Dessa forma, o Ministério da Saúde precisará definir quais grupos terão prioridade para receber o imunizante.
Quem poderá tomar a nova vacina contra a dengue?
Atualmente, a vacina disponível nos postos de saúde é a QDenga, da farmacêutica japonesa Takeda, aplicada apenas em adolescentes de 10 a 14 anos em cidades com maior incidência da doença. A Butantan-DV, por sua vez, será destinada a pessoas de 2 a 59 anos, conforme os estudos realizados até o momento.
Contudo, especialistas defendem a inclusão de idosos no público-alvo, pois, embora os adolescentes apresentem mais internações por dengue, as maiores taxas de mortalidade ocorrem entre os idosos.
Para isso, o imunizante ainda precisa passar por novos testes que comprovem sua eficácia e segurança nessa faixa etária.
Por que a Butantan-DV é um avanço na luta contra a dengue?
A Butantan-DV traz diversas inovações que podem transformar a imunização contra a dengue no Brasil. Entre os principais benefícios estão:
Dose única: Diferentemente da QDenga, que exige um esquema de duas aplicações, a nova vacina garante proteção com apenas uma dose. Isso facilita campanhas de vacinação e evita desistências entre os que não retornariam para a segunda dose;
Produção nacional: Com fabricação 100% no Brasil, a vacina reduz a dependência de importações, evitando atrasos e garantindo um fornecimento mais seguro para a população;
Proteção ampliada: O imunizante é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Nos testes clínicos, a eficácia geral foi de 79,6%, chegando a 89,2% em pessoas que já tiveram dengue.
Quando a nova vacina estará disponível?
Apesar das expectativas em torno da Butantan-DV, a vacina ainda aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caso seja liberada, a aplicação para o público em geral está prevista para começar em 2026.
Enquanto isso, a recomendação dos especialistas é que a população mantenha os cuidados preventivos, como eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti e usar repelentes.
Afinal, a vacina não impede completamente a circulação do vírus e não gera imunidade de rebanho, uma vez que a transmissão ocorre exclusivamente pela picada do mosquito.
Cenário atual da dengue no Brasil
Segundo o Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde, o Brasil já registrou mais de 439 mil casos prováveis de dengue em 2024, com 177 mortes confirmadas.
O número de infecções em janeiro foi menor que no mesmo período do ano passado, quando houve um surto da doença, mas ainda superior aos registros de 2023.
A chegada da vacina nacional pode ser um divisor de águas no combate à dengue, mas o controle do mosquito transmissor ainda é essencial para evitar novos surtos.
Considerações finais
A chegada da Butantan-DV representa um marco na luta contra a dengue no Brasil. Com dose única, proteção ampliada e produção nacional, a vacina promete facilitar o acesso da população ao imunizante e reduzir os impactos da doença no país.
No entanto, até que ela esteja disponível, a prevenção ainda é a melhor defesa contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti.