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Dengue tipo 3: aumento de casos em São Paulo reacende alerta para cuidados preventivos (104 notícias)

Publicado em 28 de janeiro de 2025

O retorno do sorotipo 3 da dengue (DENV-3) no estado de São Paulo, após quase uma década de baixa circulação, levanta preocupações significativas entre especialistas e autoridades de saúde. O aumento de infecções registrado em diversas regiões, especialmente no interior do estado, acende um sinal vermelho para a necessidade de vigilância reforçada e ações preventivas contra o Aedes aegypti. Esse sorotipo em particular encontra a população mais suscetível, visto que muitos nunca foram expostos a ele, tornando o controle do mosquito e a conscientização pública essenciais para evitar uma crise de saúde maior.

O DENV-3, assim como os outros três sorotipos da dengue, compartilha sintomas comuns, como febre alta, dores intensas no corpo e manchas avermelhadas na pele. No entanto, a possibilidade de reinfecção por diferentes sorotipos aumenta os riscos de casos graves, principalmente em indivíduos que já tiveram dengue anteriormente. O clima quente e úmido do estado de São Paulo favorece a proliferação do mosquito, e cidades como São José do Rio Preto já registram números crescentes de casos, de acordo com estudos locais.

Além disso, a vigilância por meio de unidades sentinelas tem desempenhado papel crucial na identificação da reemergência do DENV-3. Essas unidades monitoram arboviroses como dengue, Zika e chikungunya, enviando amostras para o Instituto Adolfo Lutz, permitindo uma resposta mais rápida à evolução do surto.

Dados e características do sorotipo 3

O DENV-3 é um dos quatro sorotipos da dengue conhecidos e tem características semelhantes aos demais em termos de transmissão e sintomas. Estudos recentes, apoiados pela FAPESP, indicam que a gravidade de infecções pelo DENV-3 pode aumentar significativamente em casos de reinfecção, quando o indivíduo já foi exposto a outro sorotipo. A interação entre diferentes tipos do vírus pode desencadear a chamada “resposta imunológica secundária”, que frequentemente está associada a quadros mais severos da doença.

Entre os sintomas mais comuns estão:

Febre alta persistente.

Dores intensas nos músculos e articulações.

Manchas vermelhas pelo corpo, acompanhadas de coceira.

Náuseas e vômitos recorrentes.

Dor de cabeça, especialmente na região atrás dos olhos.

Esses sinais são quase idênticos aos apresentados pelos outros sorotipos, o que torna o diagnóstico clínico baseado apenas em sintomas um desafio. O exame laboratorial, como o PCR, continua sendo a principal ferramenta para diferenciar os sorotipos em circulação.

Impacto regional e monitoramento da dengue

Cidades do interior paulista têm registrado os maiores impactos da volta do DENV-3. São José do Rio Preto, por exemplo, é um dos epicentros do surto atual, com aumento significativo de casos relatados em hospitais e unidades de pronto-atendimento desde o final de 2023. A Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) publicou um estudo na Journal of Clinical Virology que detalha essa escalada e alerta para os riscos de uma disseminação mais ampla, caso medidas efetivas não sejam tomadas rapidamente.

O sistema de unidades sentinelas no estado de São Paulo é um exemplo de como a tecnologia e o monitoramento contínuo podem ajudar a controlar epidemias. Com 71 unidades espalhadas por todo o estado, elas coletam amostras de casos suspeitos de arboviroses e enviam para análise no Instituto Adolfo Lutz. Foi por meio desse sistema que o retorno do DENV-3 foi detectado, assim como casos de febre Oropouche em 2024. A coordenadora de saúde Regiane de Paula enfatiza que a detecção precoce é essencial para conter surtos e salvar vidas.

Prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti

O controle do Aedes aegypti é a estratégia central para prevenir a disseminação da dengue tipo 3. As ações mais eficazes incluem:

Eliminação de criadouros : Remoção de recipientes que acumulam água parada, como pneus, garrafas e caixas d'água sem tampa.

Instalação de telas de proteção : Janelas e portas com telas ajudam a evitar a entrada de mosquitos em ambientes internos.

Conscientização comunitária : Mobilizar a população para adotar práticas preventivas e identificar focos de proliferação do mosquito.

Além dessas medidas, as autoridades de saúde incentivam denúncias de focos de Aedes aegypti junto às secretarias municipais de saúde, vigilâncias sanitárias e centros de controle de zoonoses. A participação da sociedade é fundamental para alcançar resultados duradouros.

A chegada da vacina do Instituto Butantan

O avanço mais promissor no combate à dengue é a vacina tetravalente desenvolvida pelo Instituto Butantan, que protege contra todos os quatro sorotipos do vírus. Os estudos clínicos, concluídos no ano passado, mostram que a vacina tem potencial para reduzir drasticamente o impacto da dengue no Brasil. Atualmente, o imunizante está em processo de análise pela Anvisa. Caso seja aprovado, o Instituto Butantan projeta fornecer 100 milhões de doses nos próximos três anos, com a primeira remessa de um milhão já disponível em 2025.

Essa vacina, administrada em dose única, é considerada um marco na saúde pública brasileira e global. Sua implementação poderá diminuir consideravelmente os custos associados ao tratamento da dengue e os impactos sociais da doença, especialmente em áreas endêmicas como São Paulo.

Dados históricos e evolução da dengue no Brasil

A dengue não é um problema novo no Brasil, mas sua evolução ao longo das décadas reflete mudanças climáticas, urbanização desordenada e desafios no controle de vetores. Desde a reintrodução do Aedes aegypti na década de 1970, o país tem enfrentado surtos recorrentes, cada vez mais intensos e abrangentes.

O sorotipo DENV-3 foi identificado pela primeira vez no Brasil em 2001 e rapidamente se espalhou pelo território nacional. Embora sua circulação tenha diminuído nos últimos anos, sua reemergência destaca a necessidade de estratégias mais robustas para a prevenção de epidemias.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2024, o Brasil registrou mais de 1,4 milhão de casos de dengue, com um aumento considerável em estados do Sudeste. A circulação simultânea de múltiplos sorotipos agrava a situação, já que indivíduos previamente infectados enfrentam maior risco de desenvolver formas graves da doença.

Curiosidades sobre a dengue e o Aedes aegypti

O mosquito Aedes aegypti é originário da África, mas se espalhou pelo mundo através de viagens marítimas no século XIX.

Um único mosquito pode infectar várias pessoas, pois se alimenta de múltiplas fontes de sangue para maturar seus ovos.

Os ovos do Aedes podem sobreviver por até um ano em locais secos, eclodindo quando entram em contato com a água.

Impactos sociais e econômicos

A dengue tipo 3 não afeta apenas a saúde da população, mas também gera impactos significativos na economia. O custo de hospitalizações, tratamentos e campanhas de combate ao mosquito representa uma carga pesada para os orçamentos públicos. Em São Paulo, por exemplo, estima-se que o tratamento de casos graves de dengue custe milhões de reais anualmente.

Além disso, a produtividade das pessoas infectadas é drasticamente reduzida, afetando setores econômicos críticos. Empresas enfrentam ausências de funcionários e comunidades sofrem com a interrupção de atividades escolares e eventos locais.

Iniciativas de longo prazo

O sucesso no combate à dengue depende de uma abordagem integrada, que combine tecnologias de monitoramento, vacinação, educação pública e controle ambiental. Parcerias entre governos, instituições de pesquisa e sociedade civil são fundamentais para garantir resultados sustentáveis.

A expectativa é que a introdução da vacina do Instituto Butantan, aliada a programas educacionais e infraestrutura adequada, transforme a luta contra a dengue em um exemplo global de sucesso em saúde pública.