Este surto de dengue atual faz parte de um grande aumento em escala global da dengue, com mais de 500 milhões de casos e mais de cinco mil óbitos relatados ano passado em 80 países de todas as regiões do mundo (Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom).
A dengue, uma doença causada por um arbovirus, transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti (odioso do Egito), permanece um desafio de saúde pública no Brasil. Desde a primeira epidemia documentada em 1981-1982, o país enfrentou surtos contínuos, muitas vezes ligados à introdução de novos sorotipos do vírus. Entre 2013 e 2022, mais de dez milhões de casos prováveis foram notificados, com cerca de seis mil óbitos. No ano passado, o Brasil registrou mais de 1,6 milhão de casos, com coeficiente de incidência alarmante. Em 2024, já foram mais de 390 mil casos, com 40 mortes confirmadas, incluindo quatro mil casos prováveis apenas no Rio Grande do Sul.
Os fatores que contribuem para a persistência da dengue incluem urbanização desordenada, desmatamento, falta de saneamento básico, falhas na vigilância e mudanças climáticas. A prevenção continua sendo a melhor estratégia, enfocando a eliminação dos criadouros do mosquito, o apoio aos agentes de saúde e endemias e a adoção de medidas pessoais de proteção, como o uso de repelentes.
Uma nova esperança surge com a introdução da vacina contra a dengue. Registrada pela Anvisa em março de 2023, a vacina agora está disponível no SUS, tornando o Brasil o primeiro país a oferecê-la no sistema público de saúde. A incorporação da vacina no Calendário Nacional de Vacinação em fevereiro de 2024 marca um avanço significativo na luta contra a doença. No entanto, devido à capacidade de produção limitada, a primeira campanha de vacinação atenderá apenas 521 municípios em 37 regiões de saúde do País.
Além disso, o Instituto Butantan está finalizando o registro de uma nova vacina contra a dengue, o que promete aumentar a oferta e reduzir os custos para o SUS no próximo ano. Enquanto aguardamos esses avanços, o controle do mosquito continua sendo crucial para prevenir não apenas a dengue, mas também outras arboviroses urbanas, como chikungunya e Zika.
A batalha contra a dengue está longe de ser vencida, mas com a combinação de medidas preventivas e a expansão da vacinação, estamos mais perto do que nunca de controlar essa doença devastadora.