Prefeito Abílio Brunini (PL) informou que Cuiabá deve solicitar à Ses-MT o uso do fumacê, inseticida que é aplicado como uma estratégia de controle vetorial, mas recomendada somente em situações excepcionais, como surtos ou epidemias; no Estado já são 36
Em menos de dois meses, Mato Grosso registra 36 mortes entre confirmadas e investigadas por dengue e chicungunya. Para se ter uma ideia, na semana passada ao alertar à população sobre o aumento dos casos de arboviroses, a Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT) contabilizava um total de 26 óbitos em decorrência das duas doenças. Boa parte em Cuiabá, que vai à Ses-MT para aplicar o fumacê como parte das medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti. O uso do inseticida também foi solicitado por Várzea Grande.
Das mais de 30 mortes, a febre chikungunya tem 16 comprovadas e 12 em análise e, quanto à dengue, são quatro confirmadas e, as demais, investigadas. Ainda conforme o painel epidemiológico da Ses-MT, são 14.483 casos prováveis de dengue e 15.331 de chikungunya registrados desde janeiro deste ano até o momento. Em relação à zika, o Estado tem 51 notificações prováveis, sem vítimas fatais.
Os óbitos estão distribuídos por diferentes municípios. No caso da dengue, dois ocorreram em Pontes e Lacerda e os demais em Cáceres, Conquista D'Oeste, Cuiabá, Diamantino, Nova Ubiratã e Porto Alegre do Norte. Já os provocados em decorrência da chikungunya, 17 ocorreram na Capital. O restante em Rondonópolis (2), Cláudia (2), Várzea Grande (2), Pontes e Lacerda, Chapada dos Guimarães, Jaciara (1), Dom Aquino, Nossa Senhora do Livramento (1) e Rosário Oeste (1).
Para tentar controlar o avanço do mosquito que provoca as doenças, Cuiabá lançou mão do mutirão “Todos contra a dengue”. A terceira edição foi realizada no último sábado (22) no Bairro Santa Isabel. Por lá, foram realizadas 3.996 visitas domiciliares pelos agentes de combate a endemias (ACEs) e o bloqueio com borrifação em 92 imóveis.
“Essas ações são fundamentais para garantir não apenas o atendimento imediato da população, mas também para conscientizar sobre a necessidade de prevenção. Durante os períodos sazonais de epidemias, a colaboração de todos é essencial para minimizar os impactos na saúde pública”, afirmou na oportunidade, a secretária municipal de Saúde, Lucia Helena Barboza Sampaio.
FUMACÊ - Nesta semana, ao lado do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), Sampaio utilizou as redes sociais para reforçar a importância da participação ativa da população no combate ao Aedes. “A maioria das pessoas que está vindo aqui nas UPAs apresenta sintomas de dengue e chikungunya, mas na maioria das vezes, quando os agentes de endemias vão nas casas dessas pessoas, elas não os recebem. Muitos moradores se recusam a permitir a entrada dos profissionais para fazer a inspeção e eliminar possíveis criadouros”, alertou Abilio Brunini.
O gestor ressaltou que há vários terrenos baldios na cidade que não estão sendo limpos, tornando-se verdadeiros criadouros do mosquito. “Vamos aderir ao fumacê, ampliar a capacidade de atendimento nas UPAs e reforçar a distribuição de medicamentos. No entanto, se você não cobrar seu vizinho para fazer a parte dele, não teremos sucesso”, ressaltou.
O uso do inseticida também foi feito pelo município de Várzea Grande na semana passada. No entanto, o fumacê é considerado uma medida adicional no combate ao mosquito, sendo que o meio ideal deve estar sempre focado na eliminação dos criadouros.
As autoridades reforçam que pequenas atitudes podem fazer toda a diferença na prevenção das doenças causadas pelo mosquito, como disponibilizar apenas dez minutinhos por semana para fazer a limpeza do seu quintal e conscientizar o vizinho a fazer o mesmo.
VACINA NACIONAL – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra de Saúde Nísia Trindade anunciaram, ontem (25), acordo para produção em larga escala da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue, numa parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics. O investimento total é de R$ 1,26 bilhão.
A partir de 2026, serão disponibilizadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva. O projeto contou com apoio do BNDES, no financiamento da pesquisa clínica; e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quanto à análise do pedido de registro, que contempla a população de 2 a 59 anos. Segundo o MS, também estão previstos R$ 68 milhões em estudos clínicos para ampliar a faixa etária e avaliar a coadministração com a vacina contra chikungunya.
JOANICE DE DEUS
Da Reportagem