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Dados mostram que ciência brasileira é resiliente, mas está no limite (19 notícias)

Publicado em 14 de junho de 2021

Relatório da Unesco indica que, mesmo com redução drástica dos investimentos em pesquisa no País, produção científica brasileira segue crescendo – por enquanto

Resiliência. Essa tem sido a principal característica da ciência brasileira nos últimos anos, segundo Hernan Chaimovich, Professor Emérito do Instituto de Química da USP e coautor de um relatório especial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) sobre investimentos em pesquisa e desenvolvimento no mundo, no período 2014-2018. Os números mostram que, mesmo com uma redução drástica dos orçamentos destinados a ciência e tecnologia no Brasil, a produção científica do País continuou crescendo — pelo menos até agora.

“A característica fundamental da ciência e do cientista brasileiro é uma única palavra: resiliência”, destacou Chaimovich, no evento que marcou o lançamento do relatório no Brasil, realizado nesta sexta-feira, 11 de junho. “Mas a resiliência tem um limite”, completou o professor, que assina o capítulo brasileiro do relatório em parceria com o matemático Renato Pedrosa, especialista em políticas de ciência, tecnologia e educação superior, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O brasileiro em geral está acostumado, por força das circunstâncias, a fazer muito com pouco; mas não existe milagre, especialmente na ciência. A redução do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) no período 2014-2018 (contemplado pelo relatório da Unesco) foi da ordem de 50%, segundo dados também compilados por Chaimovich e publicados na edição mais recente da revista Pesquisa Fapesp. E de lá para cá, a situação só piorou. De 2012 para 2021, a redução é de dramáticos 84% — de R$ 11,5 bilhões para R$ 1,8 bilhão, em valores atualizados pela inflação.