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Aroldo Murá

Dados do Amazonas reforçam teoria de que a imunidade coletiva ao SARS-CoV-2 pode vir antes do previsto (89 notícias)

Publicado em 06 de agosto de 2020

Por aroldo

Pesquisadores ressaltam, porém, que imunidade coletiva não deve ser adotada como política pública, como deixou claro a tragédia ocorrida em Manaus

Quando se olha para a evolução da Covid-19 no Estado do Amazonas, é possível ter uma ideia do que ocorreria em boa parte do mundo caso os governos optassem por deixar a pandemia seguir seu curso natural, com poucas medidas efetivas para mitigar o contágio. Em meados de abril, apenas um mês após a confirmação do primeiro caso em Manaus, o já frágil sistema de saúde local entrou em colapso. No fim de maio, quando a prefeitura da capital amazonense precisou abrir covas coletivas para sepultar as vítimas, o número de novos casos e óbitos diários atingiu o auge e, a partir desse momento, começou a cair. A tendência de queda vem se mantendo constante no Estado, mesmo com comércio e escolas em funcionamento desde junho, e a despeito de estudos indicarem que nem 30% da população desenvolveu imunidade contra o novo coronavírus.

HIPÓTESE GANHA FORÇA

Especialistas que participaram de um webinar promovido na terça-feira (04) pela Agência FAPESP e pelo Canal Butantan avaliam que os dados do Amazonas corroboram uma hipótese que começa a ganhar força na comunidade científica: a de que o limiar da imunidade coletiva (também conhecida como imunidade de rebanho) ao SARS-CoV-2 pode ser alcançado quando algo em torno de 20% da população é infectada – bem antes, portanto, do que estimaram os trabalhos de modelagem feitos no início da pandemia: entre 50% e 70%.

O grupo coordenado pela biomatemática portuguesa Gabriela Gomes (atualmente na University of Strathclyde, na Escócia), que inclui pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), foi um dos primeiros a apontar nessa direção, com base em projeções feitas por um modelo matemático que leva em conta o fato de que os indivíduos de uma população têm diferentes graus de suscetibilidade e de exposição ao vírus.

Da Agência FAPESP