Os dados obtidos pelo Instituto Butantan a partir de uma pesquisa feita com mais de 90% da população adulta de Serrana, uma cidade de 50 mil habitantes na região de Ribeirão Preto, tornam ainda mais graves as acusações feitas pelo diretor do instituto, Dimas Covas, contra o presidente Jair Bolsonaro.
Em depoimento na CPI da Pandemia, Covas disse que Bolsonaro atrasou em ao menos 90 dias o uso da coronavac para imunizar a população brasileira.
Comparativo
Os dados se tornam ainda mais dramáticos porque, neste momento, a região está vivendo um novo surto de casos.
Porém, a redução de internações e óbitos em Serrana foi dramática, depois de 19 semanas de estudo.
Cerca de um quarto da população da cidade trabalha em Ribeirão Preto e, ainda assim, as duas doses da coronavac derrubaram os casos em 80%, as hospitalizações em 86% e os óbitos em 95%.
Entre a primeira e a segunda dose da vacina, houve 5 óbitos entre pessoas de mais de 60 anos de idade e 2 entre pessoas de 18 a 59 anos em Serrana.
Catorze dias depois da segunda dose, houve apenas 2 casos entre pessoas de 18 a 59 anos — nenhum óbito.
O gráfico acima compara a incidência de hospitalizações e óbitos por 100 mil habitantes entre seis cidades da mesma região, mostrando os efeitos da segunda dose da coronavac.
Ricardo Palácios, diretor médico de pesquisa clínica do Butantan, disse que a coronavac está entre as vacinas mais seguras do mundo e que os resultados do imunizante já puderam ser observados a partir da vacinação de 50% dos adultos de Serrana.
É um alento para o futuro, mas o Brasil até agora só vacinou 15% da população com as duas doses, fruto da falta de iniciativa e do desleixo do governo de Jair Bolsonaro.
Na CPI da Pandemia, Dimas Covas apresentou uma minuta de contrato que levou ao Ministério da Saúde em outubro de 2020, que permitiria a entrega de 100 milhões de doses da vacina chinesa até maio de 2021.
O contrato só foi assinado em janeiro de 2021 e atualizado em fevereiro.
“Na presente oportunidade representamos a oferta de 100 milhões de doses da vacina contra o coronavírus a este ministério. Deste total, 45 milhões serão produzidos no Instituto Butantan em dezembro de 2020, 15 milhões de doses estarão prontas até o final de fevereiro de 2021 e 40 milhões adicionais poderão ser obtidas até maio de 2021 mediante manifestação imediata deste ministério”, dizia o documento que foi lido pelo representante do Instituto Butantan na CPI.
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