"A necessidade de termos relações de interdependência daqui para frente será cada vez maior". Com essa afirmação, o escritor e ex-político japonês, Shintaro Ishihara, resumiu a "Tendências da Política e Economia Mundial", tema da palestra que proferiu, ontem, na sede deste jornal. O evento é uma realização das empresas Yakult e YKK do Brasil, com o apoio dos jornais Gazeta Mercantil, Jornal Paulista, Diário Nippak e São Paulo Shimbun.
Ishihara lembrou a uma platéia repleta de empresários japoneses e descendentes de japoneses em sua maioria, muitos de empresas de destaque no País, que a tecnologia é que faz as civilizações evoluírem. "O homem mudou uma era com a descoberta do fogo. A Idade Média transformou-se com as descobertas da pólvora, da imprensa e da bússola. A era moderna foi marcada pela energia atômica, pelo computador e máquinas de cálculos astronômicos. Na era contemporânea, a tecnologia da exploração espacial está sendo um marco divisório.", disse.
Autor de vários livros, entre eles o polêmico "O Japão que sabe dizer não", Ishihara enfatizou que não basta conduzir uma pesquisa, mas saber comercializá-la. E os japoneses estão se saindo muito bem nisso, completou. Ishihara contou que os americanos desenvolveram filtros de ar para que bactérias não se proliferassem dentro das cabines dos foguetes. Mas depois disso, da ida à Lua, não aproveitaram mais essa tecnologia. Os japoneses, por sua vez, além de estarem fabricando esses filtros, estão também comercializando-os.
A tecnologia americana desenvolvida para a exata aterrissagem de seus foguetes foi utilizada pelos japoneses nas edificações para evitar deslocamentos desastrosos nas construções, quando houvesse um terremoto, fenômeno comum no Japão. Ishihara disse que na inauguração do Eurotúnel franceses e ingleses apertaram as mãos, mas a tecnologia de túneis empregada por trás da obra era japonesa.
Por fim, Ishihara lembrou que se, na Batalha de Midway, no norte do Pacífico, na segunda Guerra Mundial, o Japão tivesse encontrado o navio americano cinco minutos antes, talvez pudesse ter vencido a batalha. O presidente do Conselho da Gazeta Mercantil, Herbert Levy, ressaltou a nova realidade vivida hoje pelo Brasil nas relações com o Japão. "Até ano passado registrou-se a emigração de 170 mil dekasseguis, que ficam em média três anos no Japão para trabalhar, poupar e regressar ao País. Com salários médios equivalentes a R$ 2,5 mil, naquele ano conseguiram poupar US$ 2 bilhões. Estes jovens estão fazendo a nova história da saga japonesa." Ishihara deverá falar amanhã, no Hotel Intercontinental, sobre a "Literatura e Cultura".
Notícia
Gazeta Mercantil