Cuba autorizou sexta-feira a utilização de emergência de uma vacina contra covid-19, a Abdala, um raio de esperança para uma região que ainda não conseguiu conter a pandemia.
Cuba autorizou sexta-feira a utilização de emergência de uma vacina contra covid-19, a Abdala, um raio de esperança para uma região que ainda não conseguiu conter a pandemia.
A Autoridade Reguladora Nacional de Medicamentos (Cecmed) anunciou no Twitter que tinha decidido "conceder a Autorização de Uso de Emergência (EUA) à vacina cubana Abdala, depois de confirmar que cumpre os requisitos e parâmetros em termos de qualidade, segurança e eficácia".
A candidata mais avançada entre as cinco vacinas desenvolvidas em Cuba, a Abdala é 92,28% eficaz contra a covid, segundo o grupo farmacêutico estatal BioCubaFarma.
https://t.co/aEZZYEyQfo
— CECMED (@cubacecmed) July 9, 2021
A luz verde chega numa altura em que Cuba enfrenta um aumento acentuado do número de novos casos, com um recorde de 6.422 infeções em 24 horas, na passada sexta-feira. No total, a ilha de 11,2 milhões de habitantes registou 224.798 casos, incluindo 1.459 mortes, desde o início da pandemia.
Na quarta-feira, as autoridades enviaram médicos e equipamento médico para a região turística de Matanzas, onde os hospitais estão sobrecarregados. A televisão cubana mostrou imagens da cidade de Cardenas, cujos corredores estão cheios de macas, enquanto uma empresa local foi convidada a fazer novas camas.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse hoje que "o mundo como um todo" não vai superar a pandemia antes de 2023, embora a Europa esteja já "a sair do túnel".
Na América Latina, a situação é muito preocupante: o Brasil é o segundo país mais afetado do mundo pela pandemia, com mais de 530 mil mortos, a Colômbia ultrapassou o limiar das 100 mil mortes e o Peru é o país que lamenta o maior número de mortes em relação à sua população.
Cuba quer vacinar todos os seus habitantes até ao final do ano. Com a autorização dada à vacina Abdala, "as autoridades cubanas poderão lançar uma campanha de vacinação contra a covid em todo o país", explica José Moya, representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Cuba, citado pela AFP.
De facto, Cuba já está a vacinar desde maio, como parte de uma intervenção de saúde pública reservada para as áreas mais afetadas, principalmente Havana.
O país também espera vender o fármaco para o estrangeiro, nomeadamente para a Venezuela, que já adquiriu 12 milhões de doses de Abdala e já começou a utilizá-lo. A Argentina, Vietname e México também estão interessados. Não é necessária luz verde da OMS para estes acordos bilaterais.
A vantagem das vacinas cubanas, cuja composição é baseada numa proteína recombinante - a mesma técnica utilizada pela empresa americana Novavax - é que "podem ser armazenadas entre dois e oito graus, uma vantagem na América Latina onde, infelizmente, a refrigeração a um nível elevado (necessária para outras vacinas, nota do editor) é difícil", segundo Amilcar Pérez-Riverol, investigador cubano de pós-doutoramento na Fundação Fapesp, na Universidade do Estado de São Paulo, no Brasil.