O Centro Técnico Aeroespacial (CTA) está trabalhando em um projeto de revitalização do seu observatório astronômico, criado na década de 60, para ser utilizado em experiências de educação espacial para estudantes de primeiro e segundo graus. A Universidade do Vale do Paraíba (Univap) também está empenhada num projeto semelhante, de construção de um novo observatório, que será usado por pesquisadores na área de iniciação científica.
Os dois projetos, sob a coordenação do pesquisador Diomar César Lobão, têm como objetivo desenvolver nos adolescentes uma mentalidade voltada para a pesquisa espacial, além de motivar professores para o ensino, atividades e aplicações das noções básicas da astronomia e da astronáutica. "Através do observatório queremos criar um novo espaço cultural no Vale do Paraíba, aproveitando o potencial tecnológico da região, apoiando e incentivando manifestações de estudo e pesquisa", explicou.
O observatório da Univap vai funcionar em prédio próprio, numa área de 200 metros quadrados no câmpus da Universidade, com auditório, centro de processamento de dados, sala de reuniões, biblioteca, laboratório de ótica e laboratório fotográfico. O projeto e mais os equipamentos que serão instalados no observatório, como uma câmera para aquisição de imagens do céu em tempo real, custaram cerca de US$ 60 mil. A construção do prédio vai absorver outros US$ 120 mil.
As obras do novo observatório na Univap, segundo Diomar Lobão, devem estar prontas até o final deste ano. Todos os equipamentos já foram comprados pela Universidade. O CTA também já abriu licitação para começar as obras de revitalização do seu observatório, que ficou fechado por quase 20 anos.
Durante o tempo em que estava operando, o observatório era usado pelo Departamento de Astronomia do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). "Nessa época, o observatório estimulou o desenvolvimento de quatorze teses de mestrado na área da astrofísica, com estudos sobre a radiação das estrelas", comentou Lobão.
De acordo com o pesquisador, para fazer a recuperação adequada do observatório será necessário um investimento da ordem de US$ 110 mil. Só para construir uma nova cúpula, que abrigará o telescópio do observatório, o CTA precisará desembolsar US$40 mil.
Com a operação dos novos observatórios, na opinião de Lobão, que também é coordenador do Núcleo de Atividades Espaciais Educativas (Naes), será possível criar uma massa crítica na área de educação espacial e sensibilizar o governo para que a astronomia volte a fazer parte dos currículos escolares. No Estado do Paraná, segundo Lobão, a astronomia já está nos currículos escolares desde 1993. A astronomia chegou a constar como matéria nos currículos das escolas brasileiras até 1930.
No ano passado, o CTA criou um projeto piloto de educação espacial em duas escolas, uma do Estado e outra particular. Durante dois anos, de 1995 a 1996, o professor Lobão também ministrou cursos de astronomia e astronáutica para 22 professores da rede estadual de ensino, em São José dos Campos. Os professores aprenderam conceitos básicos que envolvem as duas áreas, como a definição do sistema solar, planetas, constelações, estrelas, além de conhecimentos sobre o desenvolvimento de foguetes, satélites e viagens espaciais.
Inpe deve criar atração tecnológica
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a prefeitura de São José dos Campos querem explorar comercialmente a tecnologia aeroespacial desenvolvida na cidade, por meio da criação de um parque de atrações tecnológicas. O parque, de acordo com o diretor geral do Inpe, Márcio Barbosa, seria construído nos mesmos moldes dos parques temáticos existentes em várias cidades dos Estados Unidos. "Seria basicamente um centro de visitação pública na área aeroespacial, mas com toda uma infra-estrutura de diversões, lojas e praças de alimentação", explicou.
Segundo Barbosa, dois grupos norte-americanos — responsáveis pela administração dos principais parques temáticos nos Estados Unidos -já demonstraram interesse em construir um projeto semelhante no Brasil. A cidade escolhida seria São José dos Campos, pelo fato de abrigar o maior pólo de desenvolvimento de tecnologia aeroespacial do País. A idéia também está sendo apoiada pela Associação Comercial e Industrial (ACI) local.
Notícia
Gazeta Mercantil