Graças a uma parceria com o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) não precisa mais rejeitar cerca de um milhão e meio de tonelada de escória, sobra da produção do ferro-gusa. O material é utilizado na fabricação de fibras cerâmicas que substituem o amianto, proibido no Estado de São Paulo por causar danos à saúde. Segundo Oscar Rosa Marques, gerente de manutenção dos alto-fornos da CSN, a empresa percebeu o alcance da proibição do amianto no país e investiu em pesquisas capazes de agregar valor a um novo produto.
Uma comissão interministerial do governo promete para abril uma nova política sobre o amianto. Antes disso, porém, a Companhia já substituiu o minério. A novidade foi desenvolvida por pesquisadores em São Carlos do CMDMC, um dos Centros de Pesquisa, Inovação de Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Segundo Elson Longo, diretor do Centro Multidisciplinar, até o meio de 2005 o produto estará no mercado e será vendido em grande escala para a indústria. Marques concorda com o período: "a escala fabril vai demorar pelo menos seis meses".
Além de ser compatível com o valor e a durabilidade do amianto, a fibra é biodegradável e não conduz eletricidade. A CSN investiu R$ 60 mil em um ano e meio de projeto e está negociando uma parceria com uma empresa norte-americana, cujo nome não foi divulgado, para iniciar a venda no exterior. De acordo com Marques, a Companhia está prolongando alto-fornos para conseguir atingir a produção máxima das fibras cerâmicas. Os pesquisadores continuam parceiros da corporação no projeto, inclusive vão acompanhar a produção de perto.
"Ninguém concorria com o amianto porque ele é retirado da natureza e, no caso de fundir a rocha para produzir essa fibra, o gasto seria muito alto", explica o pesquisador. Mas a escória líquida do alto-forno da indústria já vem fundida e, segundo o Longo, a única energia gasta é para pressionar o ar num sistema de tubulação. De acordo com o pesquisador, isso explica porque o novo produto pode economizar até 40% em relação ao preço do amianto.
O processo para obter a nova fibra inicia-se com a emissão de ar comprimido de alta pressão contra o fluxo de escória líquida, o que produz filamentos. Em seguida, esses fios são entrelaçados antes de serem usados na linha de produção. Longo prefere comparar o processo a um doce: "é como algodão-doce, já temos a escória fundida (similar ao açúcar na comparação), implementamos o gás que empurra o material e logo as fibras aparecem". O pesquisador explica ainda que dependendo das disponibilidades das fibras, o produto final pode ser alterado.
A maior aplicação do amianto — fabricação de produtos como caixa d'água, pisos e telhas —, será substituída facilmente pela fibra cerâmica, segundo Longo. "O primeiro atrativo é o preço, mas logo as pessoas vão perceber a qualidade do material", ele completa. No caso especificamente do cimento, ele pode ser substituído diretamente pela escória fundida. "Se essa substituição acontecesse no asfalto, a economia seria de 80%", afirma Longo.
Além disso, a fibra pode ser utilizada na construção civil, na indústria de autopeças, em bandas de rodagem de pneus e também como material isolante térmico, acústico e de prevenção ao fogo. O pesquisador diz também que a fibra pode ser usada num concreto com nanofibras.
O amianto está proibido no Estado de São Paulo desde o primeiro dia de 2005. A medida pretende diminuir o número de pessoa contaminadas por causa da inalação das fibras de amianto. Entre as doenças estão a asbestose (endurecimento dos pulmões), a mesotelioma (câncer da membrana que envolve os pulmões e a cavidade abdominal) e o câncer de pulmão. Por ser um produto que se acumula no organismo, pesquisadores acreditam que o pico da doença será entre 2005 e 2015. De acordo com a FAPESP, cerca de 2,5 mil trabalhadores estão doentes no país por causa do amianto.
Uma comissão interministerial do governo promete para abril uma nova política sobre o amianto. Antes disso, porém, a Companhia já substituiu o minério. A novidade foi desenvolvida por pesquisadores em São Carlos do CMDMC, um dos Centros de Pesquisa, Inovação de Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Segundo Elson Longo, diretor do Centro Multidisciplinar, até o meio de 2005 o produto estará no mercado e será vendido em grande escala para a indústria. Marques concorda com o período: "a escala fabril vai demorar pelo menos seis meses".
Além de ser compatível com o valor e a durabilidade do amianto, a fibra é biodegradável e não conduz eletricidade. A CSN investiu R$ 60 mil em um ano e meio de projeto e está negociando uma parceria com uma empresa norte-americana, cujo nome não foi divulgado, para iniciar a venda no exterior. De acordo com Marques, a Companhia está prolongando alto-fornos para conseguir atingir a produção máxima das fibras cerâmicas. Os pesquisadores continuam parceiros da corporação no projeto, inclusive vão acompanhar a produção de perto.
"Ninguém concorria com o amianto porque ele é retirado da natureza e, no caso de fundir a rocha para produzir essa fibra, o gasto seria muito alto", explica o pesquisador. Mas a escória líquida do alto-forno da indústria já vem fundida e, segundo o Longo, a única energia gasta é para pressionar o ar num sistema de tubulação. De acordo com o pesquisador, isso explica porque o novo produto pode economizar até 40% em relação ao preço do amianto.
O processo para obter a nova fibra inicia-se com a emissão de ar comprimido de alta pressão contra o fluxo de escória líquida, o que produz filamentos. Em seguida, esses fios são entrelaçados antes de serem usados na linha de produção. Longo prefere comparar o processo a um doce: "é como algodão-doce, já temos a escória fundida (similar ao açúcar na comparação), implementamos o gás que empurra o material e logo as fibras aparecem". O pesquisador explica ainda que dependendo das disponibilidades das fibras, o produto final pode ser alterado.
A maior aplicação do amianto — fabricação de produtos como caixa d'água, pisos e telhas —, será substituída facilmente pela fibra cerâmica, segundo Longo. "O primeiro atrativo é o preço, mas logo as pessoas vão perceber a qualidade do material", ele completa. No caso especificamente do cimento, ele pode ser substituído diretamente pela escória fundida. "Se essa substituição acontecesse no asfalto, a economia seria de 80%", afirma Longo.
Além disso, a fibra pode ser utilizada na construção civil, na indústria de autopeças, em bandas de rodagem de pneus e também como material isolante térmico, acústico e de prevenção ao fogo. O pesquisador diz também que a fibra pode ser usada num concreto com nanofibras.
O amianto está proibido no Estado de São Paulo desde o primeiro dia de 2005. A medida pretende diminuir o número de pessoa contaminadas por causa da inalação das fibras de amianto. Entre as doenças estão a asbestose (endurecimento dos pulmões), a mesotelioma (câncer da membrana que envolve os pulmões e a cavidade abdominal) e o câncer de pulmão. Por ser um produto que se acumula no organismo, pesquisadores acreditam que o pico da doença será entre 2005 e 2015. De acordo com a FAPESP, cerca de 2,5 mil trabalhadores estão doentes no país por causa do amianto.