Dezenas de crianças das favelas da Rua Moscou, no Parque São Quirino, participaram anteontem de um mutirão para limpeza das margens do poluído Ribeirão Anhumas, retirando o lixo jogado pelos próprios moradores ribeirinhos. A limpeza foi simbólica, para conscientizar a população local em relação à degradação do ribeirão e suas conseqüências, como as inundações que constantemente vitimam os moradores.
A atividade é parte do projeto de pesquisa em políticas públicas Recuperação Ambiental, Participação e Poder Público: Uma Experiência em Campinas, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que está sendo coordenado pela pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Rosely Torres. A proposta é elaborar um completo diagnóstico da Bacia do Ribeirão Anhumas. Levantamentos sobre solo, vegetação, água, estão sendo realizados com participação de técnicos da Prefeitura, Unicamp e também com a comunidade para serem apresentados no próximo sábado em um workshop, na sede da Administração Regional 3 (AR-3).
"Nossa proposta é realizar um diagnóstico socioambiental junto com a população", informa a ambientalista. Os problemas são muitos; ausência total de mata ciliar, mais da metade da bacia do Anhumas está urbanizada (o que significa alta impermeabilização do solo), ocupação em áreas de preservação permanente.
A segunda fase do projeto, que será submetida ainda à Fapesp, vai propor alternativas para melhorar as condições daquela bacia. Na atividade de sábado, o Projeto Pró-Anhumas como está sendo chamado, uniu também as atividades do Projeto Alma (Arte, Lixo e Meio Ambiente) desenvolvido pela Secretaria de Cultura.
As crianças participaram de uma caminhada ecológica, recolhendo lixo para ser depositado em lixeiras de madeira que estão sendo instaladas ao longo do ribeirão. Grupos de dança, de pagode, violeiros, rap, e teatro animaram a festividade. Durante todo o dia houve venda de alimentos em barracas montadas pelos moradores, jogos e atividades esportivas e exposição com fotos e trabalhos de alunos do ensino estadual sobre o lixo e as inundações do Anhumas.
O menino Márcio Franco da Cruz, de 10 anos, disse que às vezes joga coisas no ribeirão, como pedras e madeiras, mas que a partir de agora não fará mais isso. "Se a gente joga coisas no rio ele inunda", afirmou. O amigo Felipe Ferraz, de 9 anos, também prometeu nunca mais jogar nada na água e fiscalizar para que nenhum morador da favela do Pichão jogue entulho no rio.
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Diário do Povo