Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, descobriu um importante mecanismo de ação dos corticoides contra o coronavírus.
O estudo, que foi publicado na revista Viruses, pode abrir portas para o desenvolvimento de novas terapias no combate a infecções virais e outras doenças.
Os corticoides, conhecidos por sua ação anti-inflamatória, foram os primeiros medicamentos a demonstrar eficácia comprovada no tratamento de casos graves da Covid-19, quando não havia vacinas disponíveis durante a pandemia.
A pesquisa da USP teve como objetivo investigar o papel dos endocanabinoides, neurotransmissores que regulam a atividade neurológica e possuem funções anti-inflamatórias, no desenvolvimento da doença. Os cientistas buscaram compreender se pacientes graves apresentavam deficiência desses neurotransmissores, o que poderia resultar em uma piora do quadro clínico, e se, inversamente, pacientes com sintomas mais leves apresentavam níveis mais elevados desses compostos no sangue.
“Para nossa surpresa, observamos exatamente o oposto: casos graves apresentavam níveis elevados de endocanabinoides, enquanto os casos leves apresentavam níveis mais baixos”, afirma o professor Carlos Arterio Sorgi, coordenador da pesquisa. Além disso, foi constatado que quanto maior a concentração dessas substâncias, menor a taxa de Fator de Agregação Plaquetária (PAF), que são compostos relacionados à formação de coágulos que podem causar danos aos órgãos e tecidos.
Depois de considerar todas as variáveis, os cientistas perceberam que a diferença entre os pacientes estava relacionada ao tratamento com corticoides, que era administrado aos pacientes em estado grave e hospitalizados. As análises laboratoriais revelaram que esses medicamentos afetam as enzimas responsáveis pelo metabolismo dos endocanabinoides e, provavelmente, por meio desse mesmo mecanismo, também interferem nos fatores de coagulação, alterando os níveis desses compostos.
Em outras palavras, enquanto estimulam a produção dos primeiros, eles inibem a dos elementos envolvidos na coagulação. Essa ação auxilia no combate à inflamação e, ao mesmo tempo, reduz o risco de trombose.
Entre todas as pessoas infectadas pelo novo coronavírus, aproximadamente 80% têm casos leves de Covid-19. Segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, a maioria dos pacientes não precisa de internação hospitalar e se recupera completamente sem nenhum tratamento específico para a doença
A orientação é que pessoas diagnosticadas com o vírus consultem o médico para saber qual o tratamento adequado e se há necessidade de internação. Caso o paciente não precise ser hospitalizado, ele pode se tratar em casa
O tratamento para casos leves de Covid-19 recomendado é similar ao de outras infecções respiratórias causadas por vírus, como a gripe. O médico também pode prescrever remédios para alívio dos sintomas e indicar o isolamento
Hidrate-se: além dos remédios, estar bem hidratado é fundamental quando o corpo está lutando contra infecções. Nós transpiramos mais quando temos febre e precisamos repor o líquido perdido para que não haja desidratação
Descanse: ao dar ao corpo bastante tempo para descansar, você ajudará o sistema imunológico a ter a energia que precisa para trabalhar na luta contra o vírus. Uma boa noite de sono e cochilos durante o dia ajudam o corpo a se recuperar mais rápido
Tenha uma boa alimentação: o nosso organismo precisa de energia para combater as infecções, por isso é tão importante ter uma dieta saudável, rica em vitaminas, minerais e fibras. Na falta de apetite ou dor de garganta, aposte em vitaminas e suplementos líquidos, como o whey protein
Novos tratamentos
Os achados abrem caminho para futuros tratamentos à base de corticoides e canabinoides – naturais ou sintéticos – para outras doenças inflamatórias e neurológicas. “Eles podem servir como adjuvantes”, diz Sorgi. Mas são necessários mais estudos para determinar o momento exato e a forma de usar esses medicamentos: “Há casos em que o dano ao tecido foi tão grande que não é possível reverter. E, ao contrário, se começar o tratamento cedo demais, os corticoides podem inibir a resposta imunológica e prejudicar ainda mais o paciente.” (Fonte: Agência Einstein)