Seria correto dispensar o uso de máscaras contra a covid nas escolas, como têm feito quase todos os estados brasileiros? Um estudo do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP acaba de concluir que não. O trabalho revela: o uso contínuo de máscaras de alta qualidade, como PFF2 e N95, pode impedir a contaminação nas redes de ensino, mesmo em cidades com baixo nível de vacinação; mas no caso da suspensão do uso de máscaras, variantes altamente transmissíveis como a Ômicron poderiam infectar até 80% da população. O trabalho concluiu também que o uso de máscaras de baixa eficácia, como as de pano, pode aumentar em cinco vezes as transmissões, em relação ao cenário das escolas fechadas com ensino à distância.
Educação brasileira, muito afetada na pandemia, poderia sofrer ainda mais…
Os dados foram coletados através de simulações matemáticas baseadas em dados epidemiológicos de secretarias de Saúde e de Educação. Serviu de modelo a população de Maragogi, no litoral de Alagoas, com renda e demografia representativa de cerca de 40% dos municípios brasileiros. Dados indicam que em poucos países os estudantes (e suas famílias) foram tão afetados pela covid como no Brasil. Num cenário em que a pandemia arrefeceu, mas não cessou, e continuam surgindo novas variantes, a dispensa das máscaras amplia o risco de novas ondas — e novos fechamentos das escolas
… e há sinais de que influenza e covid podem ressurgir
A pesquisa da FAPESP sai no mesmo momento que o novo boletim InfoGripe, que aponta para um possível início de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em todo o país. Ao contrário dos meses de fevereiro e março, quando a SRAG apresentava crescimento restrito à população infantil, os dados do final de abril apontam para o aumento de casos em adultos. Os pesquisadores suspeitam que o aumento de enfermos por SRAG possa estar relacionado ao surto de Influenza A e também ao leve crescimento de testagens positivas para a Covid-19, ambas doenças causadas por vírus bloqueados pelas máscaras PFF2 e N95.