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Covid: estudo revela que até casos leves podem afetar o coração (62 notícias)

Publicado em 28 de fevereiro de 2025

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da FAPESP, revelou que até mesmo os casos leves de Covid-19 podem causar danos ao sistema cardiovascular.

Os pesquisadores analisaram 130 voluntários e identificaram alterações na variabilidade da frequência cardíaca (VFC), que indica a capacidade do coração de se adaptar a diferentes situações. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports em dezembro de 2024.

Os participantes foram avaliados em três momentos: até seis semanas após a infecção, entre dois e seis meses e entre sete e 12 meses. O grupo analisado mais precocemente apresentou uma redução significativa da VFC, sugerindo dificuldades do coração em responder ao estresse do dia a dia.

Embora os participantes avaliados posteriormente tenham mostrado melhoras graduais, seus índices não voltaram ao normal quando comparados aos de pessoas que não tiveram a doença.

“Nosso estudo reforça a necessidade de programas de reabilitação até mesmo para quem teve Covid-19 leve e não precisou ser hospitalizado”, explica Audrey Borghi Silva, coordenadora da pesquisa, em entrevista à Agência FAPESP.

Segundo ela, os voluntários tinham em média 40 anos e alguns apresentavam fatores de risco para doenças cardiovasculares , como colesterol alto, tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão. “Aparentemente, a Covid-19 potencializou esse desequilíbrio cardiovascular e, por consequência, aumentou o risco de doenças”, completa.

Outro achado importante foi o impacto no sistema nervoso autônomo, que regula os batimentos cardíacos. Os pesquisadores perceberam que, nos infectados, o sistema simpático (responsável por acelerar o coração em situações de estresse) estava mais ativo do que o parassimpático (que tem a função oposta).

“O bom funcionamento cardiovascular depende do equilíbrio entre esses mecanismos, e a Covid-19 causou um desajuste no sistema”, explica Aldair Darlan Santos-de-Araújo, primeiro autor do estudo.

Os participantes com maior alteração nesse controle apresentaram sintomas como falta de ar , tosse, fadiga, dor de cabeça, perda do paladar, ansiedade e coriza. Cerca de 44% dos participantes deste grupo não foram vacinados contra o coronavírus.

Agora, os cientistas querem entender por que algumas pessoas recuperam a VFC completamente, enquanto outras continuam com alterações a longo prazo. Eles também pretendem investigar como a vacinação pode influenciar na recuperação do coração após a infecção.